FILIPINAS
Fernão de Magalhães descobriu as ilhas e chamou-as São Lázaro, mudado depois para Ilhas do Poente. Novamente mudada em homenagem à Filipe II da Espanha, o navegador Ruy López de Villalobos deu o nome de Filipina à ilha Leyte, onde chegou em 1542. Da ilha, o nome passou para todo o arquipélago.
Fernão de Magalhães descobriu as ilhas e chamou-as São Lázaro, mudado depois para Ilhas do Poente. Novamente mudada em homenagem à Filipe II da Espanha, o navegador Ruy López de Villalobos deu o nome de Filipina à ilha Leyte, onde chegou em 1542. Da ilha, o nome passou para todo o arquipélago.
GEOGRAFIA
A Filipinas é um arquipélago, ou cadeia de ilhas. Consiste em mais de 7,000 ilhas e ilhotas. As 11 ilhas maiores respondem por mais que 90% da área de terra nacional total. As duas ilhas maiores, Luzon e Mindanao, incluem mais que 70% da área de terra e contêm mais que 70% da população. Luzon é a ilha maior na parte do norte do arquipélago, enquanto Mindanao é a ilha principal da parte meridional.
A área total da Filipinas é 299.900 Km2. A distância de Luzon do norte para Mindanao meridional é aproximadamente 1.855Km; a largura de leste a oeste estende-se em 480 km. As ilhas são localizadas na margem ocidental do Anel " de Fogo " do Pacífico e estão sofrendo modificações devido a atividade vulcânica. As ilhas têm um terreno muito áspero, então, há uma quantia muito limitada de terra boa para a agricultura. Na região também nota-se muito a atividade de terremotos.
O arquipélago inclui várias ilhas predominantemente montanhosas e grandes como também muitos atóis de corais minúsculos. A nação tem um litoral extenso com bons portos, com mais de 60 naturais, e a metade deles é desenvolvido e muito usado. A baía de Manila tem uma área de mais de 1.940 km e está entre os melhores portos do Leste. Tem o litoral descontínuo mas o mais longo de qualquer outra nação no mundo, com 34.600km.
As ilhas grandes começaram a se formar a 100 milhões de anos atrás, através dos vulcões marítimos que entraram em atividade, mas muitas das ilhotas minúsculas, são atóis construídos por formação de corais. As ilhas filipinas ainda sofrem com terremotos e atividades vulcânicas. Em média, há registros de algum terremoto nas Filipinas em cerca de cada dois dias. Muitos outros tremores de terra são muito fracos sem serem sentidos, mas há outros suficientemente fortes para causar muitos danos. Um terremoto muito forte tremeu a Filipinas em 16 de julho de 1990 e causou aproximadamente 1.600 mortes na cidade de Baguio.
As ilhas maiores têm montanhas altas. O cume mais alto é o Monte de Mindanao Apo, com 2.953m, mas a Cordilheira Central em Luzon do norte é o maior e mais áspero sistema de montanhas. Há cerca de 50 vulcões nas Filipinas, 14 ainda ativos. Um bem conhecido por sua simetria quase perfeita é o Monte Mayon, com 2.461m, localizado no sul. O Monte Pinatubo, com 1.781m, com cume em Luzon, estourou em 1991, depois de dormir por mais de 600 anos. Junto com terremotos associados, acumulações pesadas de cinza, e chuvas pesadas, esta erupção vulcânica causou 330 mortes e destruiu muitas casas. Foram lançadas cinzas e escombros para cima da atmosfera da Terra que padrões de tempo ao redor do globo foram afetados durante o ano de 1992.
AS DUAS ILHAS GRANDES
Luzon, a ilha maior, tem uma área de 104.690 KM2, além de ter o alcance da montanha mais alta da nação, na Cordilheira Central, Luzon também tem alguns de seus rios mais longos. Entre eles estão o Cagayan, o Agno, e o Pampanga. Os mais conhecidos dos rios de Luzon, porém, são o Pasig, um dos rios menores da ilha que originam o maior lago da nação, o lago Laguna Ladram, que atravessa Manila antes de esvaziar na Baía de Manila. O cume mais alto de Luzon e segundo mais alto das ilhas é o Monte Pulog, com 2.930 m.
Luzon inclui duas das quatro áreas principais do país: a Planície Central e o Vale de Cagayan. Estes são uma região agrícola rica. A Planície Central é a maior da Filipinas. Estende-se a aproximadamente 240 km de norte a sul e tem uma largura de 64 km.
O Vale de Cagayan, intercalado entre a Cordilheira Central e a Serra Madre, é escoado pelo Rio de Cagayan. Um vale de 10.360 km2, e quase 64 km de largura. Mais escassamente povoado que a Planície Central, o Vale de Cagayan se tornou um destino principalmente para colonos agrícolas no século XX, especialmente do Ilocos perto da região litorânea, uma área densamente povoada.
A maior cidade de Luzon é Manila, A capital nacional. Cidade de Quezon, é a segunda maior área urbana, ao nordeste de Manila. Serviu como o capital de 1948 a 1976, e muitos edifícios governamentais ainda estão lá. Outros centros de população consideráveis são Pasay, Legaspi, Baguio, Batangas e Laoag.
Mindanao, a segunda ilha maior, tem uma área de 94.630 km2. A Cordilheira do Pacífico corre ao longo da costa do leste da ilha e não deixa quase nenhuma planície litorânea. A oeste, no Cordilheira Central, os dois cumes vulcânicos inativos são Apo, o país mais alto, e Montam Matutum, a 2.295 m.
Vários rios cortam desfiladeiros na superfície dos planaltos. O rio Agus com 35 km, cai de uma altura de 700 m.
Há várias cidades populosas em Mindanao: como Zamboanga, Cotabato, Davao, Cagayan.
AS OUTRAS ILHAS GRANDES
Há mais oito grandes ilhas, porém quase nenhuma é tão grande quanto Luzon ou Mindanao. Sete destas ilhas pertencem ao grupo chamado as Ilhas de Visayan que situam-se na parte central e oriental entre as duas ilhas maiores. As outras ilhas principais são Mindoro, ao sul de Luzon, e Palawan, a sudoeste de Luzon.
As Ilhas de Visayan são Samar, Negros, Panay, Leyte, Cebu, Bohol, Masbate, e o grupo de Romblon. Destes, Samar e Negros são os maiores. As ilhas de Visayans somam um total de 61,077 km2. Entre essas sete ilhas há centenas de ilhas menores.
Samar está nas partes mais baixas, com colinas, e Negros tem um alto sistema de montanhas vulcânicas. Panay tem a terra áspera e está na costa ocidental. Montanhas dominam a porção ocidental de Leyte. Cebu, um das ilhas mais povoadas da nação, tem um interior montanhoso profundamente dissecado. Bohol consiste principalmente em planaltos e baixas colinas, tem inclusive as "Colinas de Chocolate", com este nome porque no verão a grama seca e fica com aspecto dourado, as Colinas de Chocolate tem aproximadamente 30 m.
Palawan é a Quinta ilha maior e Mindoro, a sétima. Em contraste com as outras ilhas na Filipinas, estas duas são restos da mesma plataforma de pedra geológica, a Estante de Sunda, como faz a ilha de Borneo. Provavelmente esta ligado ao fato das duas terem terras pobres. Acredita-se que há aproximadamente de 2 milhões a 10.000 anos atrás, Palawan já tinha vida vegetal e animal. Palawan tem 39 km de largura e 435 km de comprimento. Tem uma região montanhosa que corre sua extensão inteira. A área total de terra é de 11.785 km2. Com 2.085 m, o Monte Mantalingajan é seu cume mais alto.
Mindoro está a nordeste de Palawan. Sua área de terra é de 9.736 km2. Correndo de norte a sul existe uma planície litorânea. O cume mais alto é o Monte Halcon, com 2.587 m. Há duas cidades pequenas, Calapan e Mamburao.
CLIMA
O clima é quase que completamente seco, devido a proximidade das ilhas da linha do equador. Há também o climas das monções. As temperaturas que prevalecem ao longo do anos são de aproximadamente 24 C. Variações de Dia para noite são mais notáveis que variações mensais. Altitudes mais altas oferecem temperaturas mais frescas e diminuem aproximadamente 1.7 C para cada 300 m de altitude. A temperatura anual varia entre os meses mais frescos e mais mornos em menos de 5.6 C. No extremo sul a variação é de menos de 1.1 C. Durante o dia, as temperaturas escalam regularmente os 30 C, já à noite elas chegam abaixo de 20 C). A mais baixa temperatura registrada em Manila foi de 15 C. As temperaturas são normalmente mais altas durante a estação da seca, de março a junho, quando o sol está quase diretamente em cima do arquipélago, principalmente quando o céus está sem nuvens.
A maioria das chuvas que chegam, causam tempestades. As tempestades tropicais violentas, chamadas de baguios ou tufões. Estas tempestades ciclônicas originam-se no Oceano Pacífico ocidental, normalmente durante o verão. Há, em média, seis tufões há cada ano, que são semelhantes a furacões Atlânticos. Os tufões são caracterizados através de ventos extremamente poderosos, tipicamente a mais de 160 km/h, e chuvas muito pesadas. Um tufão em 1911 depositou 117 cm de chuva na cidade de Baguio, em Luzon, dentro de um período de 24 horas. Os ventos fortes, as chuvas pesadas, e os mares altos podem ser muito destrutivos. A parte meridional das Filipinas, é quase que livre de tufões.
TERRA
Áreas como das Filipinas que estão mornas e úmidas durante o ano todo têm terras relativamente infecundas, por causa de bactérias e das chuvas que dissolvem os elementos básicos da terra. Alguns minerais insolúveis, como ferro, permanecem atrás e dão a cor marrom avermelhada. O resto, por fim, são deteriorados. Essas terras têm pequeno potencial para colheitas crescentes. Há, não obstante, alguma espécie de floresta tropical que adaptou-se as terras rasas onde elas são nutridas por plantas deterioradas ou por microorganismos. Uma vez existindo florestas, elas são queimadas, exploradas comercialmente ou extintas por causas naturais.
Porém, há duas exceções muito significantes à qualidade de terra geralmente pobre: depósitos vulcânicos e aluviais. As terras derivaram de recentes cinzas vulcânicas, composta de materiais ácidos, ‘mas podem ser extremamente férteis. Os sedimentos constantemente levados pelos rios renovam a fertilidade de tais áreas e permitem a freqüente determinação agrícola.
FAUNA E FLORA
A Filipinas quase foi arborizada completamente antes da vida humana. Hoje menos que metade da área de terra total tem postos de árvores, e a cada dia, são destruídas mais florestas, talvez para sempre. A vida do restante das plantas é altamente diversificada e típica de florestas úmidas tropicais. Incluem muitas espécies de árvores e outras vidas de plantas. Entre espécies de árvores, predominam um pouco mais de 50 variedades, que correspondem a 70% da madeira comercializada. Esta família de árvores consiste em espécies que são normalmente bastante altas. Elas têm folhas perenes e contêm resinas aromáticas. Estes tacos tropicais normalmente acontecem em postos relativamente densos.
Além de árvores, as florestas filipinas contêm milhares de espécies de plantas e samambaias e umas 800 espécies de orquídeas. A maioria das áreas arborizadas extensas que ainda existem são localizadas em Mindanao, Palawan, e Mindoro. Áreas grandes de prados, ou cogonales, aparecem como resultado de repetidas queimadas. Estes prados são caracterizados através de gramas altas, freqüentemente com 1 ou 2m de altura, com lâminas grossas e afiadas. Eles não têm nenhum valor comercial.
Existem incontáveis espécies de mamíferos pequenos, pássaros e répteis que moram nas florestas, mas infelizmente, algumas espécies ficaram extintas por causa da destruição das florestas ou pelo espaço aberto para a agricultura ou para o uso urbano. Entre os animais que ainda existem estão macacos, ratos, cervos, gatos selvagens, morcegos, najas filipinas venenosas, e uma espécie rara de búfalo selvagem, chamado de tamarau. Este animal, só é achado na Ilha de Mindoro, existindo ainda apenas algumas centenas. Porcos selvagens que vagam as florestas são os descendentes dos antigos porcos familiarizados.
Dentre os animais extintos estão os crocodilos, a águia e um tipo de macaco.
As florestas tropicais provêem abrigos ideais para insetos que são muito abundantes.
MINERAIS
Enquanto a Filipinas tem depósitos abundantes de alguns minerais e recursos de energia, não pode ser chamado de país rico em tais recursos porque há falta de recursos essenciais a uma sociedade urbana e industrial moderna. Cerca de 90% do combustível consumido no país tem que ser importado. Em 1990 isto correspondeu a quase 15% de suas importações.
A quantia pequena de carvão que é minado não é bastante para ter um impacto significante na energia da nação ou nas necessidades industriais. O carvão que existe geralmente é de baixa qualidade.
A Filipinas tem quantias significantes de potencial hidroelétrico. O desenvolvimento mais notável foi construído ao Maria Cristina Falls perto de Iligan em Mindanao do norte. Também há poder hidroelétrico em Luzon. Foram construídas plantas geradoras em Luzon e em Leyte. A Filipinas é o segundo maior produtor de energia térmica do mundo, perdendo somente para os Estados Unidos, mas esta fonte ainda provê uma parte pequena das necessidades de energia totais da nação.
Uma variedade de ores de metal é abundante nas ilhas. Os mais valiosos são ouro, cobre e níquel que junto compõem quase todas as exportações minerais totais. Estes minerais são sujeitos a flutuações de preços de mercado do mundo, assim o valor deles para a Filipinas não é consistente. Em 1980, por exemplo, estes metais compuseram aproximadamente um quinto de exportações totais, considerando que em 1983 os minerais incluíram menos que um décimo das exportações totais.
A Filipinas é a maior produtora de cobre do Sudeste da Ásia e está entre o topo dos dez produtores no mundo. Dois quintos da produção total da nação vêm desta Ilha de Visayan central. Ouro e prata são abundantes em Luzon do norte, Mindanao do norte, e em algumas das Ilhas de Visayan. São localizados depósitos pouco desenvolvidos de ferro e níquel em Surigao, Mindanao.
PESSOAS
De acordo com o censo de 1990 a população da Filipinas era de 62.354.000, um aumento de 28% em relação à 1980. É a 14ª nação mais populosa no mundo e o terceiro mais populoso em Sudeste a Ásia depois da Indonésia e do Vietnã. Mais que 60% da população da Filipinas vivem nas áreas rurais. Elas trabalham na agricultura produzindo arroz, milho, cana-de-açúcar, e coco.
Mais de dois quintos da população mora em cidades. A maioria dos moradores das cidades, aproximadamente 12% da população total, reside em Manila, a capital da nação e maior centro urbano. Esta enorme aglomeração metropolitana de mais de 8 milhões de pessoas, faz a 23º maior área metropolitana do mundo.
Quase a população filipina inteira consiste em pessoas malaias da raça Mongolóide. Coletivamente são chamados Filipinos, mas a população é subdividida em vários grupos de etnias.
Os maiores destes grupos de etnias são os Tagalog, os Ilocano, os Bicol, os Pampangan, e os Pangasinan de Luzon; e os Cebuano, os Waray-Waray e os Hiligaynon das Ilhas de Visayan. Com aproximadamente 30% da população, os Tagalog são pessoas nativas da região de Manila e os Cebuano, com aproximadamente um quarto da população, são os maiores grupos.
Ainda há alguns conhecidos como Negritos que vivem nas áreas do planalto de Luzon, Mindanao, Panay, e algumass outras ilhas. Em 1971 a existência do Tasaday, uma tribo de Negrito previamente desconhecida de cerca de 25 pessoas em Mindanao foi descoberta. Eles pareceram estar morando em cavernas, como muitas pessoas da Idade de Pedra fizeram. Em 1986 perguntas sobre a autenticidade deles foram levantadas por alguns antropólogos que hoje acreditam que esta descoberta era uma brincadeira.
GRUPOS ÉTNICOS-LINGÜÍSTICOS
O Filipino, o idioma nacional da Filipinas, está baseado no idioma de Tagalog. O Inglês que foi ensinado cedo nas ilhas desde a conquista americana é o segundo idioma mais comum, estes são os dois idiomas oficiais do país. São ensinados ambos os idiomas nas escolas, embora o inglês permaneceu o médio primário de instrução.
Regido pela Espanha durante quase 330 anos até 1898. Porém, o idioma espanhol é falado por menos que 1 por cento da população, apesar do regime colonial longo da Espanha.
A influência colonial americana prevaleceu de aproximadamente 1901 até 1940. Naquele período havia um sistema educacional americano e, com isto, o inglês falado hoje é considerado como um segundo idioma. Aproximadamente dois quintos da população falam o inglês. Junto com o Pilipino, idioma derivado do Tagalog. O inglês é um dos dois idiomas oficiais.
A Filipinas, como o Sudeste asiático, geralmente é bastante diverso na maquiagem étnica e lingüística.
Existem aproximadamente 90 idiomas indígenas e dialetos. Só oito destes idiomas têm mais de um milhão de locutores cada. Os idiomas mais proeminentes e as porcentagens da população que os fala são: Tagalog, em sua forma unificada conhecida como Filipino (30%); Cebuano (24%); Ilocano (10%); Hiligaynon ou Ilongo (9%); Bicol (6%); Waray-Waray, ou Samar-Leyte (4%); Pampangan (3%); e Pangasinan (2%). Pessoas que falam algum destes oito idiomas como uma língua mãe compõem quase 90% da população. Esta diversidade de idiomas, junto com a introdução de um sistema de instrução estrangeiro durante o período colonial americano, facilitou a adoção do inglês como o idioma secundário. O inglês é o único idioma mais falado e é o médio de instrução em escolas ao longo da nação. Foram designados Filipino e inglês os dois idiomas oficiais em 1962. Outros idiomas estrangeiros secundários incluem o chinês e o espanhol. O chinês é falado pela minoria chinesa que reside principalmente nas cidades.
DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO
A população filipina é muito mal distribuída, com concentrações na Planície Central e nas ilhas de Visayan de Cebu, Negros, Panay, e Bohol. Desde os anos 30 houve migrações consideráveis às áreas rurais densamente povoadas, especialmente em Mindanao e no Vale de Cagayan de Luzon do norte. Esta redistribuição da população resultou em uma expansão mais plana das pessoas ao longo da nação.
A população tem aumentado a uma taxa anual de 2.5 a 3% entre o crescimento mais alto durante as últimas décadas. Este é o resultado de um coeficiente de natalidade cru alto do qual nasceram de 30 a 45 por mil desde os anos cinqüenta, aproximadamente, e uma baixa taxa de morte crua de aproximadamente 15 por mil desde os anos cinqüenta. A taxa de crescimento anual atual, implica que a população dobrará em aproximadamente 28 anos. Até mesmo se a taxa de crescimento desça 2%, o que é uma possibilidade improvável, ela dobrará em 35 anos.
CULTURA
A Filipinas é uma das maiores nações asiáticas. Sua religião dominante é o Catolicismo romano, mas há também muitos muçulmanos. A preponderância de locutores ingleses é um resultado de mais de quatro décadas de controle pelos Estados Unidos. O contraste causado por ele foi um fator no conflito crescente entre as populações rurais e urbanas, e combustível para os comunista e insurreições muçulmanas. Ainda, a sociedade é caracterizada como um todo através de distinções afiadas entre rico e pobre, maiorias e minorias, privilegiado e desprivilegiado, etc. A existência destas divisões são parte da herança católica espanhola. Divisões sociais semelhantes seguraram o desenvolvimento econômico na América Latina.
A FAMÍLIA E A SOCIEDADE
A unidade social básica nas Filipinas foi tradicionalmente a família, freqüentemente que inclui os avós e outros parentes. Em casas tradicionais, homens são as cabeças das casas e são responsáveis para o bem estar financeiro da família. Porém, não são restringidas as mulheres criar as crianças, elas trabalham freqüentemente fora da casa. As mulheres Filipinas trabalham em uma grande variedade de trabalhos e dirigem seus próprios negócios.
Crianças Filipinas aprendem cedo a cuidar das suas funções na família deles. Eles aprendem que eles devem, em troca, cumprir suas obrigações perante a família. Como crianças, as responsabilidades deles incluem respeito aos anciões, o ao cuidado de irmãos mais jovens, o desempenho de tarefas domésticas, e comportamento que trará honra para a família.
Nas famílias católicas, as crianças são batizadas quando elas têm uma ou duas semanas de idade. Eles são confirmados entre 5 e 8 anos. O batismo e cerimônias de confirmação também têm significado religioso.
Os Filipinos geralmente não são considerados adultos até que se casem e comecem a criar uma família. O matrimônio une duas famílias juntas, e o nascimento de crianças fortalece-as. As condições de alojamento variam com a localização da casa (rural ou urbana) e com o estado socioeconômico da família. Uma habitação rural tradicional consiste em um ou dois quartos. Este edifício pequeno normalmente é elevado vários metros sobre o solo em madeira para proteger a casa de inundações e pestes e prover um abrigo e área de armazenamento para animais, colheitas, e utensílios. São abrigados freqüentemente galos de prêmio em gaiolas debaixo da casa.
Por causa das migrações do país para a cidade extensa, houve uma taxa natural de aumento da população, com escassez de moradias. Isto é especialmente verdade na área de metropolitana de Manila. Famílias de baixa renda nas cidades são abarrotadas em rua suja com materiais de água inadequados, serviço de saúde pública pobre, e freqüentemente sem eletricidade.
Os residentes mais prósperos de Manila, têm casas próprias tradicionais do estilo espanhol ou de rancho mais moderno. Todas as cidades grandes na Filipinas têm áreas residenciais luxuosas. Estes bairros são segregados fisicamente do resto da cidade por paredes altas de concreto, com vidros quebrados ou arame farpado embutidos no topo.
COMIDA E VESTIMENTA
A principal comida da maioria dos Filipinos é o arroz. Este é completado com peixe e outro frutos do mar, galinha, e porco.
O milho é o grampo para aproximadamente um quinto da população que vive em áreas não satisfatórias para a produção de arroz ou não dispõe de arroz. Colheitas de raízes, inclusive batatas e cassava, que são comestíveis básicos para a minoria das famílias de baixa renda. Dietas também incluem uma ordem de frutas tropicais: bananas, maçãs de estrela, mangas, mamões e o durian de cheiro forte, que é nativo do Sudeste da Ásia. É uma árvore que proporciona uma fruta dura, do tamanho de um coco, com polpa comestível. Embora a polpa tem um gosto doce, tem um odor bastante pungente.
Uma comida típica na Filipinas po de incluir arroz fervido, bihon (talharins de arroz), pesque, legumes guisados, e frutas. Lechon, um porco inteiro enchido com arroz ou bananas, é preparado em ocasiões especiais, como a festa anual celebrada em barangays e cidades católicas romanas da Filipinas. O porco é assado em um cuspe de bambu e é servido com um molho feito do fígado de porco. Bibingka, feito de massa de arroz, é uma sobremesa popular. Bebidas alcoólicas nativas incluem tuba (suco de coco fermentado), basi (suco de cana-de-açúcar fermentado), e lambanog que é destilado de arroz fermentado. Balut, um embrião de pato parcialmente formado em um ovo que foi fervido por alguns momentos, é vendido por vendedores ambulantes pelas noites na área de Manila. É recomendado que esses que tentam esta delicadeza pela primeira vez devessem comer isto na escuridão, assim eles não podem ver o que eles estão a ponto de tragar.
Um artigo de vestuário tradicional para homens é o tagalog de barong, uma camisa exterior bordada. Embora seja um artigo de vestuário cotidiano, uma versão deste pode ser usada freqüentemente nas ocasiões mais formais. Mulheres usam borboleta-sleeved, uma espécie de terno para ocasiões formais. Os vários grupos muçulmanos no sul e as tribos montesas têm os próprios artigos de vestuário distintivos. Os muçulmanos de Maranao e de Mindanao meridional, por exemplo, têm o malong colorido, é um pano grande embrulhado ao redor do corpo e é usado por homens e mulheres.
RELIGIÃO
A República das Filipinas é a única nação predominantemente Cristã na Ásia e tem uma herança sem igual de culturas malaias, espanholas, e americanas (O Islã e Budismo são as religiões dominantes da região.)
Por outro lado, a herança espanhola é visível em outras características de vida nacional. Por exemplo, aproximadamente 85% da população são católicos romanos; há predominância de nomes de lugares e nomes de família espanhóis.
Aproximadamente 85% dos Filipinos são católicos romanos. Aproximadamente 3% pertencem a denominações protestantes trazidas para as ilhas por missionários durante a era de regra americana. Duas denominações Cristãs de origem local também emergiram: Ni de Iglesia Cristo (Tagalog para " Igreja de Cristo ") e o Aglipayan ou Igreja Independente filipina. As contas de grupos anteriores para quase 1.5% da população, e a Independente, 4%. A Igreja Independente Filipina começou em 1888 como um protesto contra dominação da Igreja católica romana através de clero espanhol. Não obstantes, permaneceram católicos na prática. Ni de Iglesia Cristo foi fundado em 1914 e hoje é um de perto tricote e seita muito nacionalista. Seu distintivo pode ser achado em edifícios de grandes igrejas modernas, caiados por toda parte nas cidades grandes da Filipinas. Sem dúvida o maior está em Cidade de Quezon perto da Universidade do campus de Filipinas. Este edifício também aloja a sede internacional da denominação. O Islã apareceu primeiro na Filipinas meridional no século XIII ou XIV. Os primeiros muçulmanos para chegar provavelmente eram os comerciantes do Oriente Médio ou de áreas vizinhas do que é hoje a Indonésia e a Malásia. Uma história longa de estrondos entre os espanhóis mais poderosos e numerosos e os muçulmanos impediram o Islã de estender sua influência nas ilhas centrais do norte. Não obstante, nem os espanhóis, os americanos, nem os Filipino cristãos poderiam desalojar os muçulmanos da pátria deles em Mindanao e o Arquipélago de Sulu. Muçulmanos fazem agora para cima aproximadamente 4% da população. Os budistas e outras religiões respondem por 2% da população.
LITERATURA
A literatura filipina data da era antes da conquista espanhola. O Tagalog cedo e alguns outros grupos tiveram uma escritura que eles usaram em tiras de bambu ou palma. A maioria destas escritas foram destruída pelos missionários espanhóis. Do que permaneceu, alguns pedaços sobrevivem por causa dos materiais altamente perecíveis nos quais eles foram escritos. Foram passadas histórias de Filipinos nativas, porém, de uma geração para outra como narrativas orais. Entre estas histórias estão " Hudhod " e " Alim, " contados pelas pessoas de Ifugao de Luzon do norte, e o " Daranaga " dos muçulmanos de Maranao de Mindanao.
O primeiro livro produzido em espanhol na Filipinas era um trabalho religioso, ' Doctrina Cristiana' (Ensino Cristão), aos quais missionários imprimiram por meio de blocos de madeira em 1593. O primeiro livro a ser imprimido de tipo movível saiu depois de alguns anos. É titulado ' Pastrimerias' e foi escrito pelo padre Francisco de San Jose. A maioria dos trabalhos impressos cedo teve temas religiosos e foi escrito por espanhóis. Os mais conhecidos escritores nativos são Francisco Balagtas que é conhecido como o Príncipe de Poetas de Filipino. A sátira política clássica dele, ' Florante e Laura', foi escrito no século XIX.
Seguindo a abertura de escolas espanholas para Filipinos durante a segunda metade do século XIX, mais publicações por escritores nativos começaram a aparecer. Poemas, composições, e romances floresceram em 1890 durante o movimento dos Filipinos para a independência. Entre as figuras literárias principais do período esta Marcelo H. del Pilar, Graciano Lopez Jaena, e a maioria de Jose Rizal, médico eminente e patriota como também um homem de cartas. Rizal escreveu os romances ' Noli eu tangere' (publicou como ' O Cancer' Social, 1886) e ' El filibusterismo' (O Reinado de Cobiça, 1891.
Os escritores Filipinos viram que o Tagalog usado evocava freqüentemente sentimentos nacionalistas pela poesia e jogos. Alguns dos trabalhos deles foram proibidos como subversivo por administradores americanos. Durante o período de 1910 a 1925, freqüentemente chamou a " idade dourada do drama filipino, " os dramaturgos dianteiros que escreveram em Tagalog eram Severino Reyes e Patricio Mariano. Com a introdução de inglês nas escolas, se tornou o idioma principal de literatura depressa.
GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO
A Filipinas alcançou independência política em 1946 que seguiu quatro anos de ocupação das forças armadas japonesas durante a Segunda Guerra Mundial. Embora houve alguma depois desta, a Filipinas não fez questão de correr atrás do progresso, como em outras nações asiáticas como o Japão, Coréia do Sul, Taiwan, e Cingapura. A persistência política, ambiental, e os problemas da população dificultam o nível geral de prosperidade crescer.
A Filipinas é um dos cinco sócios que fundaram a Associação das Nações Asiáticas de Sudeste (ASEAN), um mercado comum econômico que foi formado em 08 de agosto de 1967. Os outros sócios fundados eram a Indonésia, Tailândia, Malásia, e Cingapura. Estes geralmente têm economia de livre mercado e negociam com os Estados Unidos, Japão, e as nações da Europa Ocidental, através de alianças políticas e comerciais.
Segundo a constituição de 1973, exercem o poder executivo o presidente e vice-presidente, eleitos por quatro anos. O Congresso Nacional compõem-se de Senado (24 membros eleitos por seis anos) e da Câmara dos Deputados (107 representantes eleitos por quatro anos). Os integrantes dos órgãos judiciários (supremo tribunal, tribunais de apelação, cortes provinciais, municipais e juizes de paz) são nomeados pelo presidente da República. Os governos das províncias e dos municípios são escolhidos pelo voto popular.
A Filipinas tem o regime republicano.
EDUCAÇÃO E RECREAÇÃO
A instrução elementar na Filipinas é compulsória pelo sexto grau nas cidades e pelo quarto grau nas áreas rurais. Embora aproximadamente 20% do orçamento nacional é designado para educação, possui o mais baixo índice de anafalbetismo do Sudeste Asiático. O sistema educacional, geralmente modelado dos Estados Unidos: a instrução elementar gratuita dura 4 anos, e a secundária também de 4 anos. Já o ensino superior é ministrado em várias universidades, entre as quais destacam-se as de San Carlos, em Cebu; Santo Tomás; e de Manila em Manila; e a Universidade das Filipinas em Rizal. foi reorganizado nos anos setenta.
Veja mais:
► Ásia - Continente Asiático
► Ásia de Monções
► Os Tigres Asiáticos
GEOGRAFIA
A Filipinas é um arquipélago, ou cadeia de ilhas. Consiste em mais de 7,000 ilhas e ilhotas. As 11 ilhas maiores respondem por mais que 90% da área de terra nacional total. As duas ilhas maiores, Luzon e Mindanao, incluem mais que 70% da área de terra e contêm mais que 70% da população. Luzon é a ilha maior na parte do norte do arquipélago, enquanto Mindanao é a ilha principal da parte meridional.
A área total da Filipinas é 299.900 Km2. A distância de Luzon do norte para Mindanao meridional é aproximadamente 1.855Km; a largura de leste a oeste estende-se em 480 km. As ilhas são localizadas na margem ocidental do Anel " de Fogo " do Pacífico e estão sofrendo modificações devido a atividade vulcânica. As ilhas têm um terreno muito áspero, então, há uma quantia muito limitada de terra boa para a agricultura. Na região também nota-se muito a atividade de terremotos.
O arquipélago inclui várias ilhas predominantemente montanhosas e grandes como também muitos atóis de corais minúsculos. A nação tem um litoral extenso com bons portos, com mais de 60 naturais, e a metade deles é desenvolvido e muito usado. A baía de Manila tem uma área de mais de 1.940 km e está entre os melhores portos do Leste. Tem o litoral descontínuo mas o mais longo de qualquer outra nação no mundo, com 34.600km.
As ilhas grandes começaram a se formar a 100 milhões de anos atrás, através dos vulcões marítimos que entraram em atividade, mas muitas das ilhotas minúsculas, são atóis construídos por formação de corais. As ilhas filipinas ainda sofrem com terremotos e atividades vulcânicas. Em média, há registros de algum terremoto nas Filipinas em cerca de cada dois dias. Muitos outros tremores de terra são muito fracos sem serem sentidos, mas há outros suficientemente fortes para causar muitos danos. Um terremoto muito forte tremeu a Filipinas em 16 de julho de 1990 e causou aproximadamente 1.600 mortes na cidade de Baguio.
As ilhas maiores têm montanhas altas. O cume mais alto é o Monte de Mindanao Apo, com 2.953m, mas a Cordilheira Central em Luzon do norte é o maior e mais áspero sistema de montanhas. Há cerca de 50 vulcões nas Filipinas, 14 ainda ativos. Um bem conhecido por sua simetria quase perfeita é o Monte Mayon, com 2.461m, localizado no sul. O Monte Pinatubo, com 1.781m, com cume em Luzon, estourou em 1991, depois de dormir por mais de 600 anos. Junto com terremotos associados, acumulações pesadas de cinza, e chuvas pesadas, esta erupção vulcânica causou 330 mortes e destruiu muitas casas. Foram lançadas cinzas e escombros para cima da atmosfera da Terra que padrões de tempo ao redor do globo foram afetados durante o ano de 1992.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Dirigível
Visita do dirigível Zeppelin para cidades do Rio de Janeiro e Recife em 1930
O dia em que o Brasil parou: Em maio de 1930, Recife e Rio de Janeiro recebem um ilustre visitante do céu
21 de maio de 1930: ao entardecer, um enorme objeto em formato de charuto paira sobre Jiquiá, bairro do Recife (PE). A população, maravilhada, observa os movimentos daquele gigante prateado e brilhante. Hoje os desavisados e sonhadores se perguntariam se estavam diante de uma nave de outro planeta. Mas, naquele dia distante, quase todos sabiam que se tratava do dirigível LZ 127 Graf Zeppelin, o primeiro objeto voador a dar a volta ao mundo (em 1929) e que fazia sua primeira viagem ao Brasil.
Construído dois anos antes pela empresa de Ferdinand Von Zeppelin, ainda reluz depois de 3 dias cruzando os 7,7 mil km que separam a capital de Pernambuco de Friedrichshafen (sul da Alemanha), de onde tinha partido no dia 18. Em terra, um número de pessoas três vezes maior que o de gente a bordo faz a atracação, num festival de cordas e escaladas que renderia àqueles homens o apelido de "aranhas". A torre de amarração do Recife é a única do mundo preservada tal como naqueles dias, em que os dirigíveis eram os senhores do céu.
Depois do assombro inicial, o dirigível se tornou parte da paisagem pernambucana (foto: reprodução)
No dia 25 de maio, era a vez de os cariocas se deslumbrarem com o Graf. "Hurry! Come see the Zeppelin go by!" Foi assim que Alicia Momsen Miller, 5 anos, foi chamada pela mãe para ver a novidade passando sobre o quintal de sua casa, no Rio de Janeiro. O pai de Alicia, natural de Milwaukee (EUA), havia sido enviado a trabalho ao Brasil alguns anos antes. "Nós subimos as escadas correndo e do alpendre vimos o colossal Graf Zeppelin flutuar sobre nós, a luz do sol refletindo em suas laterais prateadas. Pessoas olhavam pelas janelas de uma gôndola pendurada no lado de baixo dele. Quando circulava em nossa cidade com suavidade e graça, ele passou diante do sol e lançou uma sombra gigantesca sobre nós", descreveu Alicia mais tarde.
O entusiasmo dos brasileiros foi tamanho que os alemães decidiram estabelecer uma linha regular entre Frankfurt e Rio de Janeiro, com escala em Recife. Em 1933, técnicos da Luftschiffbau Zeppelin vieram à então capital federal procurar lugares adequados para instalar campos de pouso e hangares. Escolheram uma área no bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. As obras começaram no ano seguinte. O projeto, as técnicas de montagem e a maior parte dos materiais usados vieram da Alemanha. Em 26 de dezembro de 1936, o presidente Getúlio Vargas comandou a inauguração do aeródromo Bartolomeu de Gusmão - com um hangar de 58 m de altura e uma fábrica de hidrogênio (o gás que inflava os dirigíveis e os fazia flutuar), além de escritórios, alojamentos, um prédio para mistura e depósito dos gases e uma linha de trem para levar os viajantes ao centro da cidade.
A rota Frankfurt-Rio de Janeiro operou até 1937 (foto: GettyImages)
Mas o aeroporto de zepelins carioca durou pouco. O acidente com o Hindenburg em Nova Jersey (EUA), em 6 de maio de 1937, feriu de morte a credibilidade daquele meio lúdico de transporte. O Hindenburg havia feito quatro viagens Europa-Brasil-Europa - numa delas, em 1936, levou o maestro Heitor Villa-Lobos a bordo. Pela primeira vez, uma tragédia de tal magnitude era vista por milhões de pessoas - além das centenas de curiosos no local, havia cinegrafistas (as imagens seriam exibidas em cinemas) e radialistas registrando o que deveria ser mais um pouso tranquilo do top de linha da Deutsche Zeppelin-Reederei. Das 97 pessoas a bordo, 36 morreram carbonizadas ou ao pular do dirigível em chamas. O início da 2ª Guerra foi a pá de cal. O Bartolomeu de Gusmão virou base militar. Mas seu hangar hoje é o único no mundo dedicado a zepelins que ainda está de pé.
Na guerra, a Marinha americana produziu modelos menores e mais seguros, unindo os conceitos alemães aos desenvolvidos por Santos Dumont entre 1898 e 1904. Foram usados para escoltar navios e detectar submarinos inimigos. Seu glamour, no entanto, já tinha ido pelos ares para sempre.
• 500 mil km percorreu o LZ 127 Graf Zeppelin.
• 17 mil é o número total de pessoas que ele transportou.
• 5 motores faziam o Graf atingir 128 km/h de velocidade máxima.
• 900 m era a altitude em que ele viajava.
• 36 pessoas morreram na tragédia do Hindenburg, em 1937 (uma delas aguardava o pouso em terra).
Saiba mais
The Golden Age of the Great Passenger Airships: Graf Zeppelin and Hindenburg , Harold G. Dick, Smithsonian Books (EUA), 1992.
Edição com fotos, fac-símiles, diários, relatórios e manuais dos dirigíveis alemães entre 1934 e 1938.
FONTE :http://guiadoestudante.abril.com.br
O dia em que o Brasil parou: Em maio de 1930, Recife e Rio de Janeiro recebem um ilustre visitante do céu
21 de maio de 1930: ao entardecer, um enorme objeto em formato de charuto paira sobre Jiquiá, bairro do Recife (PE). A população, maravilhada, observa os movimentos daquele gigante prateado e brilhante. Hoje os desavisados e sonhadores se perguntariam se estavam diante de uma nave de outro planeta. Mas, naquele dia distante, quase todos sabiam que se tratava do dirigível LZ 127 Graf Zeppelin, o primeiro objeto voador a dar a volta ao mundo (em 1929) e que fazia sua primeira viagem ao Brasil.
Construído dois anos antes pela empresa de Ferdinand Von Zeppelin, ainda reluz depois de 3 dias cruzando os 7,7 mil km que separam a capital de Pernambuco de Friedrichshafen (sul da Alemanha), de onde tinha partido no dia 18. Em terra, um número de pessoas três vezes maior que o de gente a bordo faz a atracação, num festival de cordas e escaladas que renderia àqueles homens o apelido de "aranhas". A torre de amarração do Recife é a única do mundo preservada tal como naqueles dias, em que os dirigíveis eram os senhores do céu.
Depois do assombro inicial, o dirigível se tornou parte da paisagem pernambucana (foto: reprodução)
No dia 25 de maio, era a vez de os cariocas se deslumbrarem com o Graf. "Hurry! Come see the Zeppelin go by!" Foi assim que Alicia Momsen Miller, 5 anos, foi chamada pela mãe para ver a novidade passando sobre o quintal de sua casa, no Rio de Janeiro. O pai de Alicia, natural de Milwaukee (EUA), havia sido enviado a trabalho ao Brasil alguns anos antes. "Nós subimos as escadas correndo e do alpendre vimos o colossal Graf Zeppelin flutuar sobre nós, a luz do sol refletindo em suas laterais prateadas. Pessoas olhavam pelas janelas de uma gôndola pendurada no lado de baixo dele. Quando circulava em nossa cidade com suavidade e graça, ele passou diante do sol e lançou uma sombra gigantesca sobre nós", descreveu Alicia mais tarde.
O entusiasmo dos brasileiros foi tamanho que os alemães decidiram estabelecer uma linha regular entre Frankfurt e Rio de Janeiro, com escala em Recife. Em 1933, técnicos da Luftschiffbau Zeppelin vieram à então capital federal procurar lugares adequados para instalar campos de pouso e hangares. Escolheram uma área no bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. As obras começaram no ano seguinte. O projeto, as técnicas de montagem e a maior parte dos materiais usados vieram da Alemanha. Em 26 de dezembro de 1936, o presidente Getúlio Vargas comandou a inauguração do aeródromo Bartolomeu de Gusmão - com um hangar de 58 m de altura e uma fábrica de hidrogênio (o gás que inflava os dirigíveis e os fazia flutuar), além de escritórios, alojamentos, um prédio para mistura e depósito dos gases e uma linha de trem para levar os viajantes ao centro da cidade.
A rota Frankfurt-Rio de Janeiro operou até 1937 (foto: GettyImages)
Mas o aeroporto de zepelins carioca durou pouco. O acidente com o Hindenburg em Nova Jersey (EUA), em 6 de maio de 1937, feriu de morte a credibilidade daquele meio lúdico de transporte. O Hindenburg havia feito quatro viagens Europa-Brasil-Europa - numa delas, em 1936, levou o maestro Heitor Villa-Lobos a bordo. Pela primeira vez, uma tragédia de tal magnitude era vista por milhões de pessoas - além das centenas de curiosos no local, havia cinegrafistas (as imagens seriam exibidas em cinemas) e radialistas registrando o que deveria ser mais um pouso tranquilo do top de linha da Deutsche Zeppelin-Reederei. Das 97 pessoas a bordo, 36 morreram carbonizadas ou ao pular do dirigível em chamas. O início da 2ª Guerra foi a pá de cal. O Bartolomeu de Gusmão virou base militar. Mas seu hangar hoje é o único no mundo dedicado a zepelins que ainda está de pé.
Na guerra, a Marinha americana produziu modelos menores e mais seguros, unindo os conceitos alemães aos desenvolvidos por Santos Dumont entre 1898 e 1904. Foram usados para escoltar navios e detectar submarinos inimigos. Seu glamour, no entanto, já tinha ido pelos ares para sempre.
• 500 mil km percorreu o LZ 127 Graf Zeppelin.
• 17 mil é o número total de pessoas que ele transportou.
• 5 motores faziam o Graf atingir 128 km/h de velocidade máxima.
• 900 m era a altitude em que ele viajava.
• 36 pessoas morreram na tragédia do Hindenburg, em 1937 (uma delas aguardava o pouso em terra).
Saiba mais
The Golden Age of the Great Passenger Airships: Graf Zeppelin and Hindenburg , Harold G. Dick, Smithsonian Books (EUA), 1992.
Edição com fotos, fac-símiles, diários, relatórios e manuais dos dirigíveis alemães entre 1934 e 1938.
FONTE :http://guiadoestudante.abril.com.br
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Olá meus queridos desculpe a ausência, voltei se é que alguem se importa....
Gosta de ver o tempo passar?
Tempo histórico Assim como podemos contar o tempo através do tempo cronológico, usando relógios ou calendários, temos ainda outros tipos de tempo: o tempo geológico, que se refere às mudanças ocorridas na crosta terrestre, e o tempo histórico que está relacionado às mudanças nas sociedades humanas.
O tempo histórico tem como agentes os grupos humanos, os quais provocam as mudanças sociais, ao mesmo tempo em que são modificados por elas.
O tempo histórico revela e esclarece o processo pelo qual passou ou passa a realidade em estudo. Nos anos 60, por exemplo, em quase todo o Ocidente, a juventude viveu um período agitado, com mudanças, movimentos políticos e contestação aos governos. O rock, os hippies, os jovens revolucionários e , no Brasil, o Tropicalismo (Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, entre outros) e a Jovem Guarda (Roberto Carlos, Erasmo Carlos, entre tantos outros), foram experiências sociais e musicais que deram à década de 60 uma história peculiar e diferente dos anos 50 e dos anos 70.
Isto é o tempo histórico: traçamos um limite de tempo para estudar os seus acontecimentos característicos, levando em conta que, naquele momento escolhido, muitos seres humanos viveram, sonharam, trabalharam e agiram sobre a natureza e sobre as outras pessoas, de um jeito específico.
A história não é prisioneira do tempo cronológico. Às vezes, o historiador é obrigado a ir e voltar no tempo. Ele volta para compreender as origens de uma determinada situação estudada e segue adiante ao explicar os seus resultados.
A contagem do tempo histórico
O modo de medir e dividir o tempo varia de acordo com a crença, a cultura e os costumes de cada povo. Os cristãos, por exemplo, datam a história da humanidade a partir do nascimento de Jesus Cristo. Esse tipo de calendário é utilizado por quase todos os povos do mundo, incluindo o Brasil.
O ponto de partida de cada povo ao escrever ou contar a sua história é o acontecimento que é considerado o mais importante.
O ano de 2008, em nosso calendário, por exemplo, representa a soma dos anos que se passaram desde o nascimento de Jesus e não todo o tempo que transcorreu desde que o ser humano apareceu na Terra, há cerca de quatro milhões de anos.
Como podemos perceber, o nascimento de Jesus Cristo é o principal marco em nossa forma de registrar o tempo. Todos os anos e séculos antes do nascimento de Jesus são escritos com as letras a.C. e, dessa maneira, então 127 a.C., por exemplo, é igual a 127 anos antes do nascimento de Cristo.
Os anos e séculos que vieram após o nascimento de Jesus Cristo não são escritos com as letras d.C., bastando apenas escrever, por exemplo, no ano 127.
O uso do calendário facilita a vida das pessoas. Muitas vezes, contar um determinado acontecimento exige o uso de medidas de tempo tais como século, ano, mês, dia e até mesmo a hora em que o fato ocorreu. Algumas medidas de tempo muito utilizadas são:
milênio: período de 1.000 anos;
século: período de 100 anos;
década: período de 10 anos;
qüinqüênio: período de 5 anos;´
triênio: período de 3 anos;
biênio: período de 2 anos (por isso, falamos em bienal).
Entendendo as convenções para contagem de tempo
Para identificar um século a partir de uma data qualquer, podemos utilizar operações matemáticas simples. Observe.
Se o ano terminar em dois zeros, o século corresponderá ao (s) primeiro (s)algarismo (s) à esquerda desses zeros. Veja os exemplos:
ano 800: século VIII ano 1700: século XVII ano 2000: século XX
Se o ano não terminar em dois zeros, desconsidere a unidade e a dezena, se houver, e adicione 1 ao restante do número, Veja:
ano 5: 0+1= 1 século I
ano 80: 0+1= 1 século I
ano 324 3+1=4 século IV
ano 1830 18+1=19 século XIX
ano 1998 19+1=20 século XX
ano 2001 20+1=21 século XXI
Tempo histórico Assim como podemos contar o tempo através do tempo cronológico, usando relógios ou calendários, temos ainda outros tipos de tempo: o tempo geológico, que se refere às mudanças ocorridas na crosta terrestre, e o tempo histórico que está relacionado às mudanças nas sociedades humanas.
O tempo histórico tem como agentes os grupos humanos, os quais provocam as mudanças sociais, ao mesmo tempo em que são modificados por elas.
O tempo histórico revela e esclarece o processo pelo qual passou ou passa a realidade em estudo. Nos anos 60, por exemplo, em quase todo o Ocidente, a juventude viveu um período agitado, com mudanças, movimentos políticos e contestação aos governos. O rock, os hippies, os jovens revolucionários e , no Brasil, o Tropicalismo (Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, entre outros) e a Jovem Guarda (Roberto Carlos, Erasmo Carlos, entre tantos outros), foram experiências sociais e musicais que deram à década de 60 uma história peculiar e diferente dos anos 50 e dos anos 70.
Isto é o tempo histórico: traçamos um limite de tempo para estudar os seus acontecimentos característicos, levando em conta que, naquele momento escolhido, muitos seres humanos viveram, sonharam, trabalharam e agiram sobre a natureza e sobre as outras pessoas, de um jeito específico.
A história não é prisioneira do tempo cronológico. Às vezes, o historiador é obrigado a ir e voltar no tempo. Ele volta para compreender as origens de uma determinada situação estudada e segue adiante ao explicar os seus resultados.
A contagem do tempo histórico
O modo de medir e dividir o tempo varia de acordo com a crença, a cultura e os costumes de cada povo. Os cristãos, por exemplo, datam a história da humanidade a partir do nascimento de Jesus Cristo. Esse tipo de calendário é utilizado por quase todos os povos do mundo, incluindo o Brasil.
O ponto de partida de cada povo ao escrever ou contar a sua história é o acontecimento que é considerado o mais importante.
O ano de 2008, em nosso calendário, por exemplo, representa a soma dos anos que se passaram desde o nascimento de Jesus e não todo o tempo que transcorreu desde que o ser humano apareceu na Terra, há cerca de quatro milhões de anos.
Como podemos perceber, o nascimento de Jesus Cristo é o principal marco em nossa forma de registrar o tempo. Todos os anos e séculos antes do nascimento de Jesus são escritos com as letras a.C. e, dessa maneira, então 127 a.C., por exemplo, é igual a 127 anos antes do nascimento de Cristo.
Os anos e séculos que vieram após o nascimento de Jesus Cristo não são escritos com as letras d.C., bastando apenas escrever, por exemplo, no ano 127.
O uso do calendário facilita a vida das pessoas. Muitas vezes, contar um determinado acontecimento exige o uso de medidas de tempo tais como século, ano, mês, dia e até mesmo a hora em que o fato ocorreu. Algumas medidas de tempo muito utilizadas são:
milênio: período de 1.000 anos;
século: período de 100 anos;
década: período de 10 anos;
qüinqüênio: período de 5 anos;´
triênio: período de 3 anos;
biênio: período de 2 anos (por isso, falamos em bienal).
Entendendo as convenções para contagem de tempo
Para identificar um século a partir de uma data qualquer, podemos utilizar operações matemáticas simples. Observe.
Se o ano terminar em dois zeros, o século corresponderá ao (s) primeiro (s)algarismo (s) à esquerda desses zeros. Veja os exemplos:
ano 800: século VIII ano 1700: século XVII ano 2000: século XX
Se o ano não terminar em dois zeros, desconsidere a unidade e a dezena, se houver, e adicione 1 ao restante do número, Veja:
ano 5: 0+1= 1 século I
ano 80: 0+1= 1 século I
ano 324 3+1=4 século IV
ano 1830 18+1=19 século XIX
ano 1998 19+1=20 século XX
ano 2001 20+1=21 século XXI
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Saiba quais são os segredos históricos do Brasil
Saiba quais são os segredos históricos do Brasil
Negociações obscuras com o ex-ditador Saddam Hussein, as contradições do governo Getúlio Vargas no combate ao nazismo, as muitas versões sobre a Guerra do Paraguai e até segredos de alcova
Um programa nuclear clandestino, o assassinato de um ex-presidente no regime militar, os campos de concentração brasileiros, a sangrenta demarcação das fronteiras... As passagens nebulosas, mal conduzidas e mal explicadas de nosso passado voltaram ao centro do debate com a polêmica da manutenção ou não do sigilo eterno dos documentos ultrassecretos. Os registros produzidos pelos órgãos oficiais do país estão pouco a pouco sendo revelados e descobertos - e jogam novas luzes sobre aquilo que imaginávamos saber. Para pesquisadores e historiadores, porém, muita coisa ainda está oculta. A sonegação de informações oficiais vem de longe. Começou já na "certidão de nascimento" do país - a carta de Pero Vaz de Caminha (ao que parece, herdamos o hábito dos portugueses). "O rei de Portugal, dom Manuel 1º, demorou um ano para comunicar a descoberta oficial do Brasil ao sogro, o rei da Espanha", conta o jornalista e escritor Laurentino Gomes, autor de 1822. "E a carta de Caminha, que dava detalhes do evento, ficou escondida na Torre do Tombo, em Lisboa, até 1773."
A bomba atômica dos militares
Nossas Forças Armadas tentaram desenvolver armas nucleares, talvez com uma mãozinha de Saddam Hussein
Em 1990, o presidente Fernando Collor jogou uma simbólica pá de cal num poço de 320 m para testes nucleares na serra do Cachimbo, no Pará. "A suspeita é que ele teria sido construído com recursos do Iraque de Saddam Hussein para abrigar testes do programa iraquiano. E os dados seriam cedidos ao Brasil", diz o jornalista Roberto Godoy, especialista em assuntos de defesa. O poço é só um pedaço de uma série de operações clandestinas, iniciadas no governo Ernesto Geisel, para garantir ao Brasil a tecnologia necessária para fabricar a bomba atômica (e ogivas para mísseis nucleares).
Na prática, sobretudo a partir do início da década seguinte, o governo manteve dois programas nucleares: o oficial, com fins pacíficos, e o paralelo e sigiloso. Sempre houve facções do regime que defendiam que a única maneira de o Brasil ser respeitado no mundo seria ter a bomba. O Iraque virou uma peça curiosa nesse enredo, que sobreviveu ao fim da ditadura. Entre 1979 e 1990, o Brasil exportou toneladas de urânio (a matéria-prima do combustível das bombas) para Saddam. O roteiro nebuloso inclui espionagem e suborno de técnicos e autoridades estrangeiras, entre outras manobras, que até alimentaram uma CPI sobre o tema. A Constituição de 1988 havia proibido o país de usar a tecnologia nuclear para fins bélicos, mas o "esforço paralelo" dos militares sobreviveu até 1990, segundo confirmou mais tarde José Carlos Santana, ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear no governo Collor. Quando o CNEM do B deixou de funcionar, o país estaria prestes a fazer o primeiro teste.
"Em dezembro de 1996, a PF prendeu um alemão que vendera conhecimentos ao Brasil depois de tentativas frustradas junto ao Iraque", diz Tânia Malheiros, autora de Brasil: A Bomba Oculta - O Programa Nuclear Brasileiro. Para ela, é só uma amostra de que "há muita coisa a ser explicada". Hoje o Brasil domina o ciclo de produção do combustível nuclear e está construindo seu primeiro submarino com propulsão atômica. A revelação de detalhes estratégicos sobre essa tecnologia e os bastidores espúrios do programa nuclear estariam no topo das preocupações de quem, no governo Dilma, insiste em manter o sigilo eterno.
O assassinato de Jango
Operação Condor teria matado o ex-presidente em 1976
A Operação Condor teria arquitetado a morte do ex-presidente João Goulart no exílio, 12 anos depois de sua deposição pelo golpe de 1964. Mesmo passado tanto tempo e vivendo fora do país, ele era visto como uma ameaça pelos generais: era tido como simpatizante do comunismo e mantinha quase intacta sua popularidade - que poderia ser usada, imaginavam eles, para mobilizar a população contra o regime.
Jango tomou seu remédio diário para o coração. Mas, ao se deitar, infartou - algo previsível para um homem sob constante tensão (sofria ameaças de sequestro e atentados), fumante e sobrevivente de um ataque cardíaco 7 anos antes. Mas a hipótese de assassinato ganha força entre seus familiares. A Operação Condor foi uma ação conjunta firmada em 1975 entre os governos militares de Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Analisando documentos secretos, o jornalista americano John Dinges concluiu que a operação envolvia a troca de informações e perseguição a "subversivos" nos 6 países - e mesmo na Europa e nos EUA. "Mais de 30 mil pessoas foram torturadas e assassinadas pela operação, incluindo líderes civis exilados sob a proteção da ONU", afirmou Dinges.
Não há dúvida de que Jango era vigiado. Fotos de seu cotidiano no exílio em Montevidéu que estavam em poder do SNI foram entregues à família em 2006 pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ele morreu na madrugada de 6 de dezembro de 1976, depois de viajar 600 km com a mulher. Contrariando a lei, não foi feita a autópsia. E no atestado de óbito o médico colocou "enfermedad" como a causa da morte, termo que não existe no protocolo médico. Trazido ao Brasil, não foi necropsiado. Em 1982, a Justiça argentina pediu a exumação do corpo após a denúncia, feita por um conhecido de Jango, de que ele tinha sido envenenado com sarin por dois sócios. A família não autorizou e o caso foi arquivado por falta de provas. "Agora temos a prova viva (do crime), que é o Neira Barreiro", afirmou João Vicente, filho de Jango, a AVENTURAS NA HISTÓRIA em 2008. Naquele ano, Barreiro, preso no Brasil por assalto a banco e tráfico de armas, disse a ele que vigiava seu pai 24 horas por dia (e revelou vários detalhes para provar) a mando do serviço de inteligência uruguaio. Contou que no frasco de remédios de Jango foi colocada uma cápsula com substâncias fatais a seu coração fraco. Disse ainda que o crime foi ordenado pelo delegado Sérgio Fleury (famoso por sua crueldade nas sessões de tortura), numa reunião em Montevidéu. No ano passado, a família autorizou a exumação dos restos mortais do ex-presidente, mas o Ministério Público do Rio Grande do Sul não seguiu a determinação. Em texto assinado por João Vicente no site do Instituto João Goulart, ele afirma que o MP não o fez "temendo, quem sabe, que com as novas técnicas de investigação se descubra algo suspeito". E prossegue: "Para nós, familiares, seria um conforto que essa diligência fosse tomada e que não pairasse mais dúvidas sobre as circunstâncias de sua morte. (...) Nós seguiremos lutando para que a verdade apareça". Ao mesmo tempo, Moniz Bandeira, cientista político e biógrafo de Jango, que corroborava a teoria da conspiração até 2010, mudou de lado e declarou que os Goulart só estão atrás de uma possível indenização. E que o espião Barreiro não passava de um radiotécnico da polícia.
Brasil, o vilão da Guerra do Paraguai
País promoveu uma carnificina gratuita, dizem historiadores.
As versões e lendas que passaram a cercar a Guerra do Paraguai, 141 anos depois do fim do maior conflito armado da América do Sul, são tenebrosas: guerra bacteriológica, extermínio de crianças, degola de prisioneiros e o incêndio criminoso de um hospital cheio de feridos. Por mais de um século, o episódio recebeu tratamento triunfal. A historiografia nacional destacava as batalhas vencidas pelos brasileiros e exaltou personagens e feitos heroicos. Até que, na década de 1970, os chamados "revisionistas" - como Julio Chiavenato, autor de Genocídio Americano - A Guerra do Paraguai - jogaram acusações como as do início deste texto no ventilador. Para eles, o governo brasileiro tentou (e ainda tenta) esconder seu verdadeiro papel no conflito: o de vilão.
Chiavenato diz que o duque de Caxias, o comandante brasileiro, teria jogado cadáveres no rio Paraná para contaminar a água. "O general Mitre (Bartolomeu Mitre, presidente argentino) está de acordo comigo que os cadáveres de coléricos devem ser jogados nas águas do rio Paraná para levar o contágio às populações ribeirinhas", teria escrito Caxias ao imperador dom Pedro 2º. Na prática, era um ataque bacteriológico, usando cadáveres de veículo para micro-organismos letais.
Não que essa versão tenha virado unanimidade. "O documento, de autoria desconhecida e evidentemente forjado, não tem valor histórico algum. Aliás, a versão também não tem lógica, já que o Paraná deságua no rio Paraguai e o rio não sobe - assim, não seria possível contaminar ninguém", contesta o historiador Francisco Doratioto, autor de Maldita Guerra.
Outra "bomba" que surgiu na onda revisionista foi o extermínio de crianças nas batalhas de Peribebuí e Acosta Ñu, em 1869. Na primeira, cerca de 21 mil aliados brasileiros e argentinos enfrentaram 1,8 mil paraguaios, a maior parte crianças disfarçadas com barbas postiças para que o inimigo não percebesse a fragilidade do exército. Os poucos adultos usaram tijolos, cacos de vidro e pedras contra canhões. Na batalha de Acosta Ñu (Campo Grande, para os brasileiros), a tática de disfarçar garotos de adultos também acabou em massacre. Placar de mortes: 2 mil paraguaios x 26 brasileiros.
Diferentemente do que o senso comum imagina, o Brasil estimulou a sobrevivência do Paraguai como nação independente - ao contrário da Argentina, que gostaria de absorvê-lo. Depois que acabou a guerra, por muito pouco Brasil e Argentina, aliados no conflito, não começaram outra. Isso só não aconteceu porque ambos estavam esgotados. Documentos que poderiam mostrar com mais clareza o papel do Brasil no campo de batalhas estariam escondidos no Itamaraty, com acesso proibido aos pesquisadores.
Segredo de estrado
O apetite sexual de dom Pedro 1º nunca foi segredo de estado. Mas que o imperador tentou esconder isso da história, tentou. O romance entre ele e sua amante Domitila de Castro, a marquesa de Santos, rendeu mais de 200 cartas e bilhetes escritos pelo imperador entre 1822 e 1829. O namoro começou pouco antes da Independência e gerou 5 filhos (e mais um com a irmã de Domitila). Pedro mantinha outras 16 amantes. Esse fogo todo se refletia no teor picante das cartas, muitas assinadas como Demonão e Fogo Foguinho: "Forte gosto foi o de ontem à noite que nós tivemos. Ainda me parece que estou na obra. Que prazer! Que consolação!" Pesquisadores acreditam que dom Pedro destruiu a maioria das mensagens que recebeu dela. Deve tê-la orientado a fazer o mesmo. Domitila não obedeceu. O historiador Alberto Rangel (1871-1945) descobriu boa parte dessa documentação e escancarou o lado cara de pau do imperador. Este ano, o pesquisador Paulo Rezzutti publicou um livro (Titília e o Demonão) com 94 correspondências inéditas que encontrou no museu Hispanic Society of America, de Nova York. "Ontem mesmo fiz amor de matrimônio para hoje, se mecê estiver melhor e com disposição, fazer o nosso amor por devoção", escreveu o Demonão.
Rui Barbosa "queima" a escravidão
"O Congresso Nacional felicita o Governo Provisório por ter ordenado a eliminação nos arquivos nacionais dos vestígios da escravatura no Brasil." Com essa mensagem, era aprovada em dezembro de 1890 a decisão do ministro da fazenda, Rui Barbosa, de queimar todos os livros de registros dos cartórios municipais com dados relativos à compra, venda e transferência de escravos no país. A papelada foi destruída em 13 de maio de 1891.
A hipótese mais aceita é a de que a intenção era evitar que o Tesouro Nacional fosse obrigado a indenizar os donos de escravos afetados pela Lei Áurea, de 1888. "Os senhores de engenho, fazendeiros e grandes proprietários pensavam em se beneficiar com a República e com as indenizações", acredita Humberto Fernandes Machado, da Universidade Federal Fluminense. Para ele, uma república recém-estabelecida por um golpe militar, com o apoio de antigos senhores de escravos, poderia ter tomado rumo diferente (pior) se os documentos existissem. "A queima anulou essa possibilidade."
Mas essa moeda tem outro lado. "Se tivessem o registro de sua data de compra, os negros também poderiam reivindicar uma recompensa por terem sido escravizados ilegalmente", acredita Marisa Saenz Leme, da Unesp de Franca. Ela apoia seu argumento em uma lei promulgada em 7 de novembro de 1831 que proibia o tráfico negreiro. A ordem não foi cumprida - nos 15 anos seguintes, pelo menos 300 mil africanos foram trazidos. Em tese, eles poderiam ser beneficiados por indenizações. Evidência disso é que, em 2006, foi encontrada uma carta da princesa Isabel ao visconde de Santa Vitória, sócio do Banco Mauá. Nela estava descrita a intenção de indenizar os ex-escravos com terras e instrumentos de trabalho.
O circo do Acre
De coordenadas geográficas de mentira à "troca por um cavalo": as tramas e falcatruas na compra do estado
Nos primeiros anos da República, entrou em cena um capítulo controverso da demarcação de nossas fronteiras: a anexação do Acre. Na região, viviam diferentes grupos étnicos (nem brasileiros nem bolivianos). Pouco importava, para eles, quais eram os limites de Brasil, Bolívia e Peru. Para o governo brasileiro, a região era território boliviano.
"Euclides da Cunha foi feliz quando afirmou que, durante anos, o rio Purus foi cartografado fantasiosamente por geógrafos e burocratas que nunca puseram os pés na região. As absurdas coordenadas e linhas demarcatórias que daí surgiram deram margem para incompreensões sobre o que passaria a se chamar Questão do Acre", diz o historiador Gerson Albuquerque, da Universidade Federal do Acre. Para ele, tratados como o de Ayacucho (1867), que embasaram a demarcação das fronteiras entre Brasil e Bolívia, foram assinados às escuras - pautados por coordenadas fantasiosas. Esse abandono mudou quando se percebeu que os pneus da nascente indústria automobilística precisavam do látex acriano como matéria-prima. Seringueiros do Norte e Nordeste invadiram a região sem que os vizinhos notassem (ou reclamassem).
Quase 20 anos depois, Bolívia e Peru também cresceram os olhos para a borracha. Os bolivianos tentaram então arrendar o território para um consórcio de empresas de capital inglês e americano. E instalaram uma base militar na região para cobrar impostos sobre a circulação de mercadorias. Os barões da borracha, com o bolso ferido, se mobilizaram. "A Bolívia era pequena e muito mais frágil militarmente que o Brasil, a grande nação expansionista na região. Por isso, teve de ceder ao acordo (o Tratado de Petrópolis, de 1903, que incorporou o Acre ao território brasileiro)", diz Albuquerque. Em 2006, o presidente da Bolívia, Evo Morales, reclamou que o país "deu o Acre ao Brasil em troca de um cavalo". Na verdade, foi por 2 milhões de libras, ou 400 milhões de reais hoje. Pouco para uma área 3 vezes maior que a Suíça (152 mil km2). Mas o Brasil cedeu terras do Mato Grosso e se comprometeu a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré para transportar produtos bolivianos até o oceano Atlântico. A abertura da documentação ainda sob sigilo, para Albuquerque, poderá lançar outras luzes sobre versões românticas da história. "Temos o direito de conhecer as tramas e as sujeiras que marcaram a constituição das fronteiras." Um diplomata brasileiro, sob anonimato, afirma que até pessoas de outros países reclamam dos segredos brasileiros. "Existe muita suspeita, e a recente defesa do sigilo eterno fomenta isso."
Os campos de concentração de Getúlio
Ditador seguiu a cartilha nazista inclusive depois de romper com Hitler: alemães, italianos e japoneses sofreram em 31 campos espalhados pelo país
Qual dos lados envolvidos na 2ª Guerra - os Aliados ou o Eixo - era mais caro ao presidente Getúlio Vargas? Na década de 1930, os alemães eram o segundo maior mercado consumidor de produtos brasileiros. Policiais e militares brasileiros treinaram com a Gestapo, e o governo entregou aos nazistas judeus alemães que moravam no Brasil. Em abril de 1942, uma passeata reuniu cerca de 2 mil nazistas uniformizados no centro de Florianópolis.
Pesa ainda a favor de seu possível pendor para o lado dos alemães e italianos a revelação, no fim dos anos 1980, do conteúdo das Circulares Secretas. Nelas, Vargas orientava diplomatas brasileiros na Europa a não conceder vistos de entrada para o Brasil a judeus e outras minorias "indesejadas". Segundo a historiadora Priscila Perazzo, a professora e pesquisadora Tucci Carneiro conseguiu burlar a vigilância nos arquivos do Itamaraty e fez cópias das Circulares, consideradas documentos secretos e, portanto, proibidas aos olhos dos cidadãos comuns. No fim dos anos 1990, novos documentos vieram a público.
"Vargas era um homem dos tempos do fascismo. Na década de 1930, essa era a ideologia dominante em muitos lugares. O Brasil não estava fora disso", diz Priscila. Ela avalia que o país acabou entrando na guerra ao lado dos aliados graças a um alinhamento comercial, político, cultural e diplomático com os EUA que vinha de anos - não foi um ato intempestivo para vingar o bombardeio de navios na costa brasileira por submarinos alemães. Eles queriam nos dar um susto para frear essa aproximação com os americanos. Nem foi uma retribuição interesseira pelo (muito) dinheiro americano investido na Companhia Siderúrgica Nacional - a versão mais popular para a decisão de Getúlio Vargas.
Em 1942, Getúlio rompeu com Hitler. Mas não com as práticas fascistas. A diferença é que agora elas se voltavam contra os alemães. É cada vez maior o volume de descobertas sobre os campos de concentração brasileiros e sobre os maus-tratos que civis japoneses, italianos e principalmente alemães sofreram no Brasil. Se não eram locais de tortura sistemática e extermínio em massa, como na Alemanha, também estavam longe de ser colônias de férias.
Até o fim da guerra, o Ministério da Justiça manteve 31 campos de concentração em lugares como Pindamonhangaba e Guaratinguetá (SP), Joinville (SC) e Rio de Janeiro. Para lá, eram mandados os "inimigos" que chegassem ao país durante o conflito ou que fossem suspeitos de espionagem. Não podiam ler livros em seu idioma, eram submetidos a trabalhos forçados na lavoura e muitas vezes dependiam de ajuda externa para não passar fome. Alguns, acusados de serem nazistas, só podiam receber visitas no dia de Natal - seus descendentes suspeitam que tenham sido torturados. Cerca de 5 mil pessoas foram confinadas nesses lugares. Mesmo assim, os nazistas conseguiram montar uma importante rede de espionagem no Brasil - o que era considerado um forte indício de que, se conquistasse a Europa, Hitler voltaria seus olhos para cá.
Fonte:http://guiadoestudante.abril.com.br
Negociações obscuras com o ex-ditador Saddam Hussein, as contradições do governo Getúlio Vargas no combate ao nazismo, as muitas versões sobre a Guerra do Paraguai e até segredos de alcova
Um programa nuclear clandestino, o assassinato de um ex-presidente no regime militar, os campos de concentração brasileiros, a sangrenta demarcação das fronteiras... As passagens nebulosas, mal conduzidas e mal explicadas de nosso passado voltaram ao centro do debate com a polêmica da manutenção ou não do sigilo eterno dos documentos ultrassecretos. Os registros produzidos pelos órgãos oficiais do país estão pouco a pouco sendo revelados e descobertos - e jogam novas luzes sobre aquilo que imaginávamos saber. Para pesquisadores e historiadores, porém, muita coisa ainda está oculta. A sonegação de informações oficiais vem de longe. Começou já na "certidão de nascimento" do país - a carta de Pero Vaz de Caminha (ao que parece, herdamos o hábito dos portugueses). "O rei de Portugal, dom Manuel 1º, demorou um ano para comunicar a descoberta oficial do Brasil ao sogro, o rei da Espanha", conta o jornalista e escritor Laurentino Gomes, autor de 1822. "E a carta de Caminha, que dava detalhes do evento, ficou escondida na Torre do Tombo, em Lisboa, até 1773."
A bomba atômica dos militares
Nossas Forças Armadas tentaram desenvolver armas nucleares, talvez com uma mãozinha de Saddam Hussein
Em 1990, o presidente Fernando Collor jogou uma simbólica pá de cal num poço de 320 m para testes nucleares na serra do Cachimbo, no Pará. "A suspeita é que ele teria sido construído com recursos do Iraque de Saddam Hussein para abrigar testes do programa iraquiano. E os dados seriam cedidos ao Brasil", diz o jornalista Roberto Godoy, especialista em assuntos de defesa. O poço é só um pedaço de uma série de operações clandestinas, iniciadas no governo Ernesto Geisel, para garantir ao Brasil a tecnologia necessária para fabricar a bomba atômica (e ogivas para mísseis nucleares).
Na prática, sobretudo a partir do início da década seguinte, o governo manteve dois programas nucleares: o oficial, com fins pacíficos, e o paralelo e sigiloso. Sempre houve facções do regime que defendiam que a única maneira de o Brasil ser respeitado no mundo seria ter a bomba. O Iraque virou uma peça curiosa nesse enredo, que sobreviveu ao fim da ditadura. Entre 1979 e 1990, o Brasil exportou toneladas de urânio (a matéria-prima do combustível das bombas) para Saddam. O roteiro nebuloso inclui espionagem e suborno de técnicos e autoridades estrangeiras, entre outras manobras, que até alimentaram uma CPI sobre o tema. A Constituição de 1988 havia proibido o país de usar a tecnologia nuclear para fins bélicos, mas o "esforço paralelo" dos militares sobreviveu até 1990, segundo confirmou mais tarde José Carlos Santana, ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear no governo Collor. Quando o CNEM do B deixou de funcionar, o país estaria prestes a fazer o primeiro teste.
"Em dezembro de 1996, a PF prendeu um alemão que vendera conhecimentos ao Brasil depois de tentativas frustradas junto ao Iraque", diz Tânia Malheiros, autora de Brasil: A Bomba Oculta - O Programa Nuclear Brasileiro. Para ela, é só uma amostra de que "há muita coisa a ser explicada". Hoje o Brasil domina o ciclo de produção do combustível nuclear e está construindo seu primeiro submarino com propulsão atômica. A revelação de detalhes estratégicos sobre essa tecnologia e os bastidores espúrios do programa nuclear estariam no topo das preocupações de quem, no governo Dilma, insiste em manter o sigilo eterno.
O assassinato de Jango
Operação Condor teria matado o ex-presidente em 1976
A Operação Condor teria arquitetado a morte do ex-presidente João Goulart no exílio, 12 anos depois de sua deposição pelo golpe de 1964. Mesmo passado tanto tempo e vivendo fora do país, ele era visto como uma ameaça pelos generais: era tido como simpatizante do comunismo e mantinha quase intacta sua popularidade - que poderia ser usada, imaginavam eles, para mobilizar a população contra o regime.
Jango tomou seu remédio diário para o coração. Mas, ao se deitar, infartou - algo previsível para um homem sob constante tensão (sofria ameaças de sequestro e atentados), fumante e sobrevivente de um ataque cardíaco 7 anos antes. Mas a hipótese de assassinato ganha força entre seus familiares. A Operação Condor foi uma ação conjunta firmada em 1975 entre os governos militares de Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Analisando documentos secretos, o jornalista americano John Dinges concluiu que a operação envolvia a troca de informações e perseguição a "subversivos" nos 6 países - e mesmo na Europa e nos EUA. "Mais de 30 mil pessoas foram torturadas e assassinadas pela operação, incluindo líderes civis exilados sob a proteção da ONU", afirmou Dinges.
Não há dúvida de que Jango era vigiado. Fotos de seu cotidiano no exílio em Montevidéu que estavam em poder do SNI foram entregues à família em 2006 pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ele morreu na madrugada de 6 de dezembro de 1976, depois de viajar 600 km com a mulher. Contrariando a lei, não foi feita a autópsia. E no atestado de óbito o médico colocou "enfermedad" como a causa da morte, termo que não existe no protocolo médico. Trazido ao Brasil, não foi necropsiado. Em 1982, a Justiça argentina pediu a exumação do corpo após a denúncia, feita por um conhecido de Jango, de que ele tinha sido envenenado com sarin por dois sócios. A família não autorizou e o caso foi arquivado por falta de provas. "Agora temos a prova viva (do crime), que é o Neira Barreiro", afirmou João Vicente, filho de Jango, a AVENTURAS NA HISTÓRIA em 2008. Naquele ano, Barreiro, preso no Brasil por assalto a banco e tráfico de armas, disse a ele que vigiava seu pai 24 horas por dia (e revelou vários detalhes para provar) a mando do serviço de inteligência uruguaio. Contou que no frasco de remédios de Jango foi colocada uma cápsula com substâncias fatais a seu coração fraco. Disse ainda que o crime foi ordenado pelo delegado Sérgio Fleury (famoso por sua crueldade nas sessões de tortura), numa reunião em Montevidéu. No ano passado, a família autorizou a exumação dos restos mortais do ex-presidente, mas o Ministério Público do Rio Grande do Sul não seguiu a determinação. Em texto assinado por João Vicente no site do Instituto João Goulart, ele afirma que o MP não o fez "temendo, quem sabe, que com as novas técnicas de investigação se descubra algo suspeito". E prossegue: "Para nós, familiares, seria um conforto que essa diligência fosse tomada e que não pairasse mais dúvidas sobre as circunstâncias de sua morte. (...) Nós seguiremos lutando para que a verdade apareça". Ao mesmo tempo, Moniz Bandeira, cientista político e biógrafo de Jango, que corroborava a teoria da conspiração até 2010, mudou de lado e declarou que os Goulart só estão atrás de uma possível indenização. E que o espião Barreiro não passava de um radiotécnico da polícia.
Brasil, o vilão da Guerra do Paraguai
País promoveu uma carnificina gratuita, dizem historiadores.
As versões e lendas que passaram a cercar a Guerra do Paraguai, 141 anos depois do fim do maior conflito armado da América do Sul, são tenebrosas: guerra bacteriológica, extermínio de crianças, degola de prisioneiros e o incêndio criminoso de um hospital cheio de feridos. Por mais de um século, o episódio recebeu tratamento triunfal. A historiografia nacional destacava as batalhas vencidas pelos brasileiros e exaltou personagens e feitos heroicos. Até que, na década de 1970, os chamados "revisionistas" - como Julio Chiavenato, autor de Genocídio Americano - A Guerra do Paraguai - jogaram acusações como as do início deste texto no ventilador. Para eles, o governo brasileiro tentou (e ainda tenta) esconder seu verdadeiro papel no conflito: o de vilão.
Chiavenato diz que o duque de Caxias, o comandante brasileiro, teria jogado cadáveres no rio Paraná para contaminar a água. "O general Mitre (Bartolomeu Mitre, presidente argentino) está de acordo comigo que os cadáveres de coléricos devem ser jogados nas águas do rio Paraná para levar o contágio às populações ribeirinhas", teria escrito Caxias ao imperador dom Pedro 2º. Na prática, era um ataque bacteriológico, usando cadáveres de veículo para micro-organismos letais.
Não que essa versão tenha virado unanimidade. "O documento, de autoria desconhecida e evidentemente forjado, não tem valor histórico algum. Aliás, a versão também não tem lógica, já que o Paraná deságua no rio Paraguai e o rio não sobe - assim, não seria possível contaminar ninguém", contesta o historiador Francisco Doratioto, autor de Maldita Guerra.
Outra "bomba" que surgiu na onda revisionista foi o extermínio de crianças nas batalhas de Peribebuí e Acosta Ñu, em 1869. Na primeira, cerca de 21 mil aliados brasileiros e argentinos enfrentaram 1,8 mil paraguaios, a maior parte crianças disfarçadas com barbas postiças para que o inimigo não percebesse a fragilidade do exército. Os poucos adultos usaram tijolos, cacos de vidro e pedras contra canhões. Na batalha de Acosta Ñu (Campo Grande, para os brasileiros), a tática de disfarçar garotos de adultos também acabou em massacre. Placar de mortes: 2 mil paraguaios x 26 brasileiros.
Diferentemente do que o senso comum imagina, o Brasil estimulou a sobrevivência do Paraguai como nação independente - ao contrário da Argentina, que gostaria de absorvê-lo. Depois que acabou a guerra, por muito pouco Brasil e Argentina, aliados no conflito, não começaram outra. Isso só não aconteceu porque ambos estavam esgotados. Documentos que poderiam mostrar com mais clareza o papel do Brasil no campo de batalhas estariam escondidos no Itamaraty, com acesso proibido aos pesquisadores.
Segredo de estrado
O apetite sexual de dom Pedro 1º nunca foi segredo de estado. Mas que o imperador tentou esconder isso da história, tentou. O romance entre ele e sua amante Domitila de Castro, a marquesa de Santos, rendeu mais de 200 cartas e bilhetes escritos pelo imperador entre 1822 e 1829. O namoro começou pouco antes da Independência e gerou 5 filhos (e mais um com a irmã de Domitila). Pedro mantinha outras 16 amantes. Esse fogo todo se refletia no teor picante das cartas, muitas assinadas como Demonão e Fogo Foguinho: "Forte gosto foi o de ontem à noite que nós tivemos. Ainda me parece que estou na obra. Que prazer! Que consolação!" Pesquisadores acreditam que dom Pedro destruiu a maioria das mensagens que recebeu dela. Deve tê-la orientado a fazer o mesmo. Domitila não obedeceu. O historiador Alberto Rangel (1871-1945) descobriu boa parte dessa documentação e escancarou o lado cara de pau do imperador. Este ano, o pesquisador Paulo Rezzutti publicou um livro (Titília e o Demonão) com 94 correspondências inéditas que encontrou no museu Hispanic Society of America, de Nova York. "Ontem mesmo fiz amor de matrimônio para hoje, se mecê estiver melhor e com disposição, fazer o nosso amor por devoção", escreveu o Demonão.
Rui Barbosa "queima" a escravidão
"O Congresso Nacional felicita o Governo Provisório por ter ordenado a eliminação nos arquivos nacionais dos vestígios da escravatura no Brasil." Com essa mensagem, era aprovada em dezembro de 1890 a decisão do ministro da fazenda, Rui Barbosa, de queimar todos os livros de registros dos cartórios municipais com dados relativos à compra, venda e transferência de escravos no país. A papelada foi destruída em 13 de maio de 1891.
A hipótese mais aceita é a de que a intenção era evitar que o Tesouro Nacional fosse obrigado a indenizar os donos de escravos afetados pela Lei Áurea, de 1888. "Os senhores de engenho, fazendeiros e grandes proprietários pensavam em se beneficiar com a República e com as indenizações", acredita Humberto Fernandes Machado, da Universidade Federal Fluminense. Para ele, uma república recém-estabelecida por um golpe militar, com o apoio de antigos senhores de escravos, poderia ter tomado rumo diferente (pior) se os documentos existissem. "A queima anulou essa possibilidade."
Mas essa moeda tem outro lado. "Se tivessem o registro de sua data de compra, os negros também poderiam reivindicar uma recompensa por terem sido escravizados ilegalmente", acredita Marisa Saenz Leme, da Unesp de Franca. Ela apoia seu argumento em uma lei promulgada em 7 de novembro de 1831 que proibia o tráfico negreiro. A ordem não foi cumprida - nos 15 anos seguintes, pelo menos 300 mil africanos foram trazidos. Em tese, eles poderiam ser beneficiados por indenizações. Evidência disso é que, em 2006, foi encontrada uma carta da princesa Isabel ao visconde de Santa Vitória, sócio do Banco Mauá. Nela estava descrita a intenção de indenizar os ex-escravos com terras e instrumentos de trabalho.
O circo do Acre
De coordenadas geográficas de mentira à "troca por um cavalo": as tramas e falcatruas na compra do estado
Nos primeiros anos da República, entrou em cena um capítulo controverso da demarcação de nossas fronteiras: a anexação do Acre. Na região, viviam diferentes grupos étnicos (nem brasileiros nem bolivianos). Pouco importava, para eles, quais eram os limites de Brasil, Bolívia e Peru. Para o governo brasileiro, a região era território boliviano.
"Euclides da Cunha foi feliz quando afirmou que, durante anos, o rio Purus foi cartografado fantasiosamente por geógrafos e burocratas que nunca puseram os pés na região. As absurdas coordenadas e linhas demarcatórias que daí surgiram deram margem para incompreensões sobre o que passaria a se chamar Questão do Acre", diz o historiador Gerson Albuquerque, da Universidade Federal do Acre. Para ele, tratados como o de Ayacucho (1867), que embasaram a demarcação das fronteiras entre Brasil e Bolívia, foram assinados às escuras - pautados por coordenadas fantasiosas. Esse abandono mudou quando se percebeu que os pneus da nascente indústria automobilística precisavam do látex acriano como matéria-prima. Seringueiros do Norte e Nordeste invadiram a região sem que os vizinhos notassem (ou reclamassem).
Quase 20 anos depois, Bolívia e Peru também cresceram os olhos para a borracha. Os bolivianos tentaram então arrendar o território para um consórcio de empresas de capital inglês e americano. E instalaram uma base militar na região para cobrar impostos sobre a circulação de mercadorias. Os barões da borracha, com o bolso ferido, se mobilizaram. "A Bolívia era pequena e muito mais frágil militarmente que o Brasil, a grande nação expansionista na região. Por isso, teve de ceder ao acordo (o Tratado de Petrópolis, de 1903, que incorporou o Acre ao território brasileiro)", diz Albuquerque. Em 2006, o presidente da Bolívia, Evo Morales, reclamou que o país "deu o Acre ao Brasil em troca de um cavalo". Na verdade, foi por 2 milhões de libras, ou 400 milhões de reais hoje. Pouco para uma área 3 vezes maior que a Suíça (152 mil km2). Mas o Brasil cedeu terras do Mato Grosso e se comprometeu a construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré para transportar produtos bolivianos até o oceano Atlântico. A abertura da documentação ainda sob sigilo, para Albuquerque, poderá lançar outras luzes sobre versões românticas da história. "Temos o direito de conhecer as tramas e as sujeiras que marcaram a constituição das fronteiras." Um diplomata brasileiro, sob anonimato, afirma que até pessoas de outros países reclamam dos segredos brasileiros. "Existe muita suspeita, e a recente defesa do sigilo eterno fomenta isso."
Os campos de concentração de Getúlio
Ditador seguiu a cartilha nazista inclusive depois de romper com Hitler: alemães, italianos e japoneses sofreram em 31 campos espalhados pelo país
Qual dos lados envolvidos na 2ª Guerra - os Aliados ou o Eixo - era mais caro ao presidente Getúlio Vargas? Na década de 1930, os alemães eram o segundo maior mercado consumidor de produtos brasileiros. Policiais e militares brasileiros treinaram com a Gestapo, e o governo entregou aos nazistas judeus alemães que moravam no Brasil. Em abril de 1942, uma passeata reuniu cerca de 2 mil nazistas uniformizados no centro de Florianópolis.
Pesa ainda a favor de seu possível pendor para o lado dos alemães e italianos a revelação, no fim dos anos 1980, do conteúdo das Circulares Secretas. Nelas, Vargas orientava diplomatas brasileiros na Europa a não conceder vistos de entrada para o Brasil a judeus e outras minorias "indesejadas". Segundo a historiadora Priscila Perazzo, a professora e pesquisadora Tucci Carneiro conseguiu burlar a vigilância nos arquivos do Itamaraty e fez cópias das Circulares, consideradas documentos secretos e, portanto, proibidas aos olhos dos cidadãos comuns. No fim dos anos 1990, novos documentos vieram a público.
"Vargas era um homem dos tempos do fascismo. Na década de 1930, essa era a ideologia dominante em muitos lugares. O Brasil não estava fora disso", diz Priscila. Ela avalia que o país acabou entrando na guerra ao lado dos aliados graças a um alinhamento comercial, político, cultural e diplomático com os EUA que vinha de anos - não foi um ato intempestivo para vingar o bombardeio de navios na costa brasileira por submarinos alemães. Eles queriam nos dar um susto para frear essa aproximação com os americanos. Nem foi uma retribuição interesseira pelo (muito) dinheiro americano investido na Companhia Siderúrgica Nacional - a versão mais popular para a decisão de Getúlio Vargas.
Em 1942, Getúlio rompeu com Hitler. Mas não com as práticas fascistas. A diferença é que agora elas se voltavam contra os alemães. É cada vez maior o volume de descobertas sobre os campos de concentração brasileiros e sobre os maus-tratos que civis japoneses, italianos e principalmente alemães sofreram no Brasil. Se não eram locais de tortura sistemática e extermínio em massa, como na Alemanha, também estavam longe de ser colônias de férias.
Até o fim da guerra, o Ministério da Justiça manteve 31 campos de concentração em lugares como Pindamonhangaba e Guaratinguetá (SP), Joinville (SC) e Rio de Janeiro. Para lá, eram mandados os "inimigos" que chegassem ao país durante o conflito ou que fossem suspeitos de espionagem. Não podiam ler livros em seu idioma, eram submetidos a trabalhos forçados na lavoura e muitas vezes dependiam de ajuda externa para não passar fome. Alguns, acusados de serem nazistas, só podiam receber visitas no dia de Natal - seus descendentes suspeitam que tenham sido torturados. Cerca de 5 mil pessoas foram confinadas nesses lugares. Mesmo assim, os nazistas conseguiram montar uma importante rede de espionagem no Brasil - o que era considerado um forte indício de que, se conquistasse a Europa, Hitler voltaria seus olhos para cá.
Fonte:http://guiadoestudante.abril.com.br
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
TRF decide manter guaranis-kaiowá em fazenda no MS
Índios guarani-kaiowá estão liberados para permanecer numa área de 10 mil metros quadrados no sul Mato Grosso do Sul que é objeto de um processo de reintegração de posse. Uma decisão tomada nesta terça-feira pela desembargadora Cecilia Mello, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª. Região, garante à comunidade o direito de ficar no local até que sejam concluídos os trabalhos de delimitação e demarcação das terras disputadas pelos índios e fazendeiros. "O caso dos autos reflete, de um lado, o drama dos índios integrantes da comunidade indígena Pyelito Kue que, assim como outros tantos silvícolas brasileiros, almejam de há muito a demarcação de suas terras. E, de outro lado, o drama não menos significativo daqueles que hoje ocupam terras supostamente indígenas que, na maioria das vezes, adquiriram a propriedade ou foram imitidos na posse de forma lícita e lá se estabeleceram", afirmou a desembargadora na decisão.
"Os indígenas se encontram em situação de penúria e de falta de assistência e, em razão do vínculo que mantêm com a terra que creem ser sua, colocam a própria vida em risco e como escudo para a defesa de sua cultura. Dessa forma, há notícias críveis de que a comunidade indígena Pyelito Kue resistirá até a morte à eventual ordem de desocupação", acrescentou a desembargadora. Segundo ela, a situação reflete a "total ausência de providências" por parte do poder público relativas à demarcação das terras. "A inércia do poder público e a morosidade do procedimento administrativo contribuem para provocar tensões e conflitos entre índios e fazendeiros, restando ao Poder Judiciário responder ao embate apresentado", disse Cecilia Mello.
Na segunda-feira, a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, tinha recebido um grupo de índios guarani-kaiowá. O assunto do encontro foi a decisão da Justiça que tinha determinado a desocupação da área na qual vivem os indígenas. Além de vice-procuradora, Deborah Duprat coordena a 6ª. Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, que trata de temas relacionados a populações indígenas e comunidades tradicionais. Na audiência, os índios entregaram uma carta na qual afirmam que "a comunidade tem uma decisão que não vai sair nem por bem e nem por mal". "Vamos lutar pela nossa terra até o último guerreiro", disseram. Eles também sustentam que houve um suicídio e um estupro na área.
Na ocasião, Deborah Duprat disse que era necessário definir se os indígenas têm ou não direito à terra. "É preciso que os estudos sejam concluídos. Eles não podem viver nessa situação de suspensão, de insegurança", afirmou. A vice-procuradora afirmou que "há uma reação enorme do setor dito produtivo de Mato Grosso do Sul, algo semelhante ao que aconteceu em Roraima há um tempo. Chega a ensejar quase que um racismo institucional, o Estado colocando suas instituições contra os índios". FONTE: Agência Estado
Índios guarani-kaiowá estão liberados para permanecer numa área de 10 mil metros quadrados no sul Mato Grosso do Sul que é objeto de um processo de reintegração de posse. Uma decisão tomada nesta terça-feira pela desembargadora Cecilia Mello, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª. Região, garante à comunidade o direito de ficar no local até que sejam concluídos os trabalhos de delimitação e demarcação das terras disputadas pelos índios e fazendeiros. "O caso dos autos reflete, de um lado, o drama dos índios integrantes da comunidade indígena Pyelito Kue que, assim como outros tantos silvícolas brasileiros, almejam de há muito a demarcação de suas terras. E, de outro lado, o drama não menos significativo daqueles que hoje ocupam terras supostamente indígenas que, na maioria das vezes, adquiriram a propriedade ou foram imitidos na posse de forma lícita e lá se estabeleceram", afirmou a desembargadora na decisão.
"Os indígenas se encontram em situação de penúria e de falta de assistência e, em razão do vínculo que mantêm com a terra que creem ser sua, colocam a própria vida em risco e como escudo para a defesa de sua cultura. Dessa forma, há notícias críveis de que a comunidade indígena Pyelito Kue resistirá até a morte à eventual ordem de desocupação", acrescentou a desembargadora. Segundo ela, a situação reflete a "total ausência de providências" por parte do poder público relativas à demarcação das terras. "A inércia do poder público e a morosidade do procedimento administrativo contribuem para provocar tensões e conflitos entre índios e fazendeiros, restando ao Poder Judiciário responder ao embate apresentado", disse Cecilia Mello.
Na segunda-feira, a vice-procuradora-geral da República, Deborah Duprat, tinha recebido um grupo de índios guarani-kaiowá. O assunto do encontro foi a decisão da Justiça que tinha determinado a desocupação da área na qual vivem os indígenas. Além de vice-procuradora, Deborah Duprat coordena a 6ª. Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, que trata de temas relacionados a populações indígenas e comunidades tradicionais. Na audiência, os índios entregaram uma carta na qual afirmam que "a comunidade tem uma decisão que não vai sair nem por bem e nem por mal". "Vamos lutar pela nossa terra até o último guerreiro", disseram. Eles também sustentam que houve um suicídio e um estupro na área.
Na ocasião, Deborah Duprat disse que era necessário definir se os indígenas têm ou não direito à terra. "É preciso que os estudos sejam concluídos. Eles não podem viver nessa situação de suspensão, de insegurança", afirmou. A vice-procuradora afirmou que "há uma reação enorme do setor dito produtivo de Mato Grosso do Sul, algo semelhante ao que aconteceu em Roraima há um tempo. Chega a ensejar quase que um racismo institucional, o Estado colocando suas instituições contra os índios". FONTE: Agência Estado
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
A EXPANSÃO MARÍTIMA E O DESCOBRIMENTO DO BRASIL PARTE II
FONTE>http://historia.culturalivre.com/imperios/expansao-maritima-descobrimento-do-brasil/
terça-feira, 23 de outubro de 2012
O NOME DA ROSA
RESENHA DO LIVRO O NOME DA ROSA
Estranhas mortes começam a ocorrer num mosteiro beneditino localizado na Itália durante a baixa idade média, onde as vítimas aparecem sempre com os dedos e a língua roxos. O mosteiro guarda uma imensa biblioteca, onde poucos monges tem acesso às publicações sacras e profanas. A chegada de um monge franciscano (Sean Conery), incumbido de investigar os casos, irá mostrar o verdadeiro motivo dos crimes, resultando na instalação do tribunal da santa inquisição. A Baixa Idade Média (século XI ao XV) é marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental. Ocorrem assim, nesse período, transformações na esfera econômica (crescimento do comércio monetário), social (projeção da burguesia e sua aliança com o rei), política (formação das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas) e até religiosas, que culminarão com o cisma do ocidente, através do protestantismo iniciado por Martinho Lutero na Alemanha em 1517.
Culturalmente, destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento, enquanto movimento cultural resgatou da antiguidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja. No filme, o monge franciscano representa o intelectual renascentista, que com uma postura humanista e racional, consegue desvendar a verdade por trás dos crimes cometidos no mosteiro.
O livro "O Nome da Rosa" pode ser interpretado como tendo um caráter filosófico, quase metafísico, já que nele também se busca a verdade, a explicação, a solução do mistério, a partir de um novo método de investigação. E Guilherme de Bascerville, o frade fransciscano detetive, é também o filósofo, que investiga, examina, interroga, duvida, questiona e, por fim, com seu método empírico e analítico, desvenda o mistério, ainda que para isso seja pago um alto preço. O tempo no livro é tratado no ano 1327, ou seja, a Alta Idade Média. Lá se retoma o pensamento de Santo Agostinho, um dos últimos filósofos antigos e o primeiro dos medievais, que fará a mediação da filosofia grega e do pensamento do início do cristianismo com a cultura ocidental que dará origem à filosofia medieval, a partir da interpretação de Platão e o neoplatonismo do cristianismo. As teses de Agostinho nos ajudarão a entender o que se passa na biblioteca secreta do mosteiro em que se situa o livro. Neste tratado, Santo Agostinho estabelece precisamente que os cristãos podem e devem tomar da filosofia grega pagã tudo aquilo que for importante e útil para o desenvolvimento da doutrina cristã, desde que seja compatível com a fé. Isto vai constituir o critério para a relação entre o cristianismo (teologia e doutrina cristã) e a filosofia e a ciência dos antigos. Por isso é que a biblioteca tem que ser secreta, porque ela inclui obras que não estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval. O acesso à biblioteca é restrito, porque há ali um saber que é ainda estritamente pagão (especialmente os textos de Aristóteles), e que pode ameaçar a doutrina cristã. Como diz ao final Jorge de Burgos, o velho bibliotecário, acerca do texto de Aristóteles – a comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus e, portanto, faz desmoronar todo esse mundo.
Entre os séculos XII e XIII temos o surgimento da escolástica, que constitui o contexto filosófico teológico das disputas que se dão na abadia em que se situa O Nome da Rosa. A escolástica significa literalmente "o saber da escola", ou seja, um saber que se estrutura em torno de teses básicas e de um método básico que é compartilhado pelos principais pensadores da época. A influência de esse saber corresponde ao pensamento de Aristóteles, trazido pelos árabes (mulçumanos), que traduziram muitas de suas obras para o latim. Essas obras continham saberem filosóficos e científicos da Antiguidade que despertariam imediatamente interesses pelas inovações científicas decorrentes. O saber técnico-científico do mundo europeu era nesta época extremamente restrito e a contribuição dos árabes será fundamental para este desenvolvimento pelos conhecimentos de que dispunham de matemática, de ciências (física, química, astronomia, medicina) e de filosofia. O pensamento agora (Aristotélico) será marcado pelo empirismo e materialismo. O enredo desenvolve-se na ultima semana de 1327, num monastério da Itália medieval. A morte de sete monges em sete dias e noites, cada um de maneira mais insólita - um deles, num barril de sangue de porco, é o motor responsável pelo desenvolvimento da ação. A obra é atribuída a um suposto monge, que na juventude teria presenciado os acontecimentos. Este livro é uma crônica da vida religiosa no século XIV, e relato surpreendente de movimentos heréticos. Para muitos críticos, o nome da rosa é uma parábola sobre a Itália contemporânea. Para outros, é um exercício monumental sobre a mistificação.
O titulo do livro é uma expressão "O nome da Rosa" que foi usada na Idade Média significando o infinito poder das palavras. A rosa subsiste seu nome, apenas; mesmo que não esteja presente e nem sequer exista. A "rosa de então", centro real desse romance, é a antiga biblioteca de um convento beneditino, na qual estavam guardados, em grande número, códigos preciosos: parte importante da sabedoria grega e latina que os monges conservaram através dos séculos. Podemos dizer que durante a Idade Média umas das práticas mais comuns nas bibliotecas dos mosteiros eram apagar obras antigas escritas em pergaminhos e sobre elas escreve ou copiar novos textos. Eram os chamados palimpsestos, livretes em que textos científicos e filosóficos na Antiguidade clássica eram raspados das páginas e substituídos por orações rituais litúrgicos. O nome da rosa é um livro escrito numa linguagem da época, cheio de citações teológicas, muitas delas referidas em latim. É também uma crítica do poder e do esvaziamento dos valores pela demagogia, violências sexuais, os conflitos no seio dos movimentos heréticos, a luta contra a mistificação e o poder. Uma parábola sangrenta patética da história da humanidade.
Em suma, os acontecimentos ocorrem em 1327 William de Baskerville , um monge franciscano, e Adso von Melk , um noviço que o acompanha, chegam a um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de um conclave para decidir se a Igreja deve doar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William de Baskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastante intrincando, além dos mais religiosos acreditarem que é obra do Demônio. William de Baskerville não partilha desta opinião, mas antes que ele conclua as investigações Bernardo Gui , o Grão-Inquisidor, chega no local e está pronto para torturar qualquer suspeito de heresia que tenha cometido assassinatos em nome do Diabo. Considerando que ele não gosta de Baskerville, ele é inclinado a colocá-lo no topo da lista dos que são diabolicamente influenciados. Esta batalha, junto com uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos, é travada enquanto o motivo dos assassinatos é lentamente solucionado.
Portanto, do ponto de vista do livro abordado, notamos que a história passa em um mosteiro na Itália Medieval. A idade média assistiu em sua agonia um grande debate Filosófico Religioso. Perdido o equilíbrio do tomismo, o homem medieval caiu em dois extremos opostos. De um lado os humanistas racionalistas Frei Guilherme de Ockham, um édito moderno. Tais humanistas cultivaram o antropocentrismo julgaram que graças para ciências e a técnica, o homem seria capaz de vencer todas as misérias do mundo, até criar uma era de grande prosperidade material e de completa felicidade natural.
De outro lado místicos com visão extremamente pessimista da realidade. Para eles o mundo era intrinsecamente mau e irremediável por ser obra de um DEUS perverso, distinto da divindade. Acreditavam que a razão humana era má e só seria desejável perder-se no nada divino.
No mosteiro, sete monges morrem estranhamente, como se alguém estivesse praticando tais atos para ocultar algo mais grave. Há também uma violência sexual, no qual mulheres se vendem aos monges em troca de comida e muitas vezes depois são mortas para que suas vozes fossem cessadas. Movimentos ecléticos do século XIV, a luta contra a mistificação, o poder, o esvaziamento de valores pela demagogia, são mostrados em um cenário sangrento sobre a política da historia da humanidade.
Portanto a obra abordada, do ponto de vista científico nos trás um parâmetro da relação DEUS-HOMEM, para que possamos ter (ainda que vaga)alguma idéia do que se passava no lado de dentro dos muros religiosos e ás vezes eclodindo em direção a sociedede civil (o povo)e para isso devemos nos abster do senso comum e deixar de lado a ficção que envolve o livro sem cometer o pecado do anacronismo.
Referencias Bibliográficas
Filme O Nome da Rosa, Globo Filmes e Produções e direção de Jean-Jacques Annaud. ECO, Umberto. O Nome da Rosa. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1983.
Assinar:
Postagens (Atom)