AMIGOS ONLINE

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Dirigível

Visita do dirigível Zeppelin para cidades do Rio de Janeiro e Recife em 1930

O dia em que o Brasil parou: Em maio de 1930, Recife e Rio de Janeiro recebem um ilustre visitante do céu

21 de maio de 1930: ao entardecer, um enorme objeto em formato de charuto paira sobre Jiquiá, bairro do Recife (PE). A população, maravilhada, observa os movimentos daquele gigante prateado e brilhante. Hoje os desavisados e sonhadores se perguntariam se estavam diante de uma nave de outro planeta. Mas, naquele dia distante, quase todos sabiam que se tratava do dirigível LZ 127 Graf Zeppelin, o primeiro objeto voador a dar a volta ao mundo (em 1929) e que fazia sua primeira viagem ao Brasil.

Construído dois anos antes pela empresa de Ferdinand Von Zeppelin, ainda reluz depois de 3 dias cruzando os 7,7 mil km que separam a capital de Pernambuco de Friedrichshafen (sul da Alemanha), de onde tinha partido no dia 18. Em terra, um número de pessoas três vezes maior que o de gente a bordo faz a atracação, num festival de cordas e escaladas que renderia àqueles homens o apelido de "aranhas". A torre de amarração do Recife é a única do mundo preservada tal como naqueles dias, em que os dirigíveis eram os senhores do céu.



Depois do assombro inicial, o dirigível se tornou parte da paisagem pernambucana (foto: reprodução)

No dia 25 de maio, era a vez de os cariocas se deslumbrarem com o Graf. "Hurry! Come see the Zeppelin go by!" Foi assim que Alicia Momsen Miller, 5 anos, foi chamada pela mãe para ver a novidade passando sobre o quintal de sua casa, no Rio de Janeiro. O pai de Alicia, natural de Milwaukee (EUA), havia sido enviado a trabalho ao Brasil alguns anos antes. "Nós subimos as escadas correndo e do alpendre vimos o colossal Graf Zeppelin flutuar sobre nós, a luz do sol refletindo em suas laterais prateadas. Pessoas olhavam pelas janelas de uma gôndola pendurada no lado de baixo dele. Quando circulava em nossa cidade com suavidade e graça, ele passou diante do sol e lançou uma sombra gigantesca sobre nós", descreveu Alicia mais tarde.

O entusiasmo dos brasileiros foi tamanho que os alemães decidiram estabelecer uma linha regular entre Frankfurt e Rio de Janeiro, com escala em Recife. Em 1933, técnicos da Luftschiffbau Zeppelin vieram à então capital federal procurar lugares adequados para instalar campos de pouso e hangares. Escolheram uma área no bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. As obras começaram no ano seguinte. O projeto, as técnicas de montagem e a maior parte dos materiais usados vieram da Alemanha. Em 26 de dezembro de 1936, o presidente Getúlio Vargas comandou a inauguração do aeródromo Bartolomeu de Gusmão - com um hangar de 58 m de altura e uma fábrica de hidrogênio (o gás que inflava os dirigíveis e os fazia flutuar), além de escritórios, alojamentos, um prédio para mistura e depósito dos gases e uma linha de trem para levar os viajantes ao centro da cidade.



A rota Frankfurt-Rio de Janeiro operou até 1937 (foto: GettyImages)

Mas o aeroporto de zepelins carioca durou pouco. O acidente com o Hindenburg em Nova Jersey (EUA), em 6 de maio de 1937, feriu de morte a credibilidade daquele meio lúdico de transporte. O Hindenburg havia feito quatro viagens Europa-Brasil-Europa - numa delas, em 1936, levou o maestro Heitor Villa-Lobos a bordo. Pela primeira vez, uma tragédia de tal magnitude era vista por milhões de pessoas - além das centenas de curiosos no local, havia cinegrafistas (as imagens seriam exibidas em cinemas) e radialistas registrando o que deveria ser mais um pouso tranquilo do top de linha da Deutsche Zeppelin-Reederei. Das 97 pessoas a bordo, 36 morreram carbonizadas ou ao pular do dirigível em chamas. O início da 2ª Guerra foi a pá de cal. O Bartolomeu de Gusmão virou base militar. Mas seu hangar hoje é o único no mundo dedicado a zepelins que ainda está de pé.

Na guerra, a Marinha americana produziu modelos menores e mais seguros, unindo os conceitos alemães aos desenvolvidos por Santos Dumont entre 1898 e 1904. Foram usados para escoltar navios e detectar submarinos inimigos. Seu glamour, no entanto, já tinha ido pelos ares para sempre.

• 500 mil km percorreu o LZ 127 Graf Zeppelin.

• 17 mil é o número total de pessoas que ele transportou.

• 5 motores faziam o Graf atingir 128 km/h de velocidade máxima.

• 900 m era a altitude em que ele viajava.

• 36 pessoas morreram na tragédia do Hindenburg, em 1937 (uma delas aguardava o pouso em terra).

Saiba mais

The Golden Age of the Great Passenger Airships: Graf Zeppelin and Hindenburg , Harold G. Dick, Smithsonian Books (EUA), 1992.

Edição com fotos, fac-símiles, diários, relatórios e manuais dos dirigíveis alemães entre 1934 e 1938.

FONTE :http://guiadoestudante.abril.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PODE FALAR, FALA MEU FILHO!!!!